'É uma insurreição das mentes do Ocidente. As pessoas não caem mais nessa história de Israel ser sempre a vítima', diz Horta

247 - O historiador Fernando Horta, em uma entrevista à TV 247, destacou as mudanças significativas na maneira como o Ocidente percebe os conflitos entre Israel e Palestina. Segundo Horta, há uma "insurreição das mentes" no Ocidente, onde a opinião pública não aceita mais o maniqueísmo de enxergar Israel como vítima e os palestinos como agressores.

“Não sei se isso chegou em função das redes, porque nas redes também está havendo cerceamento. Mas o fato é que as pessoas não estão mais caindo nessa construção histórica que Israel faz, de se colocar sempre como vítima e todos os árabes, todos os palestinos, como os agressores, os monstros. Isso não está pegando”, destaca.

Horta ressaltou ainda a crescente coordenação das respostas da população muçulmana em países como Turquia, Líbano, Síria, Irã e Arábia Saudita, onde o povo está indo às ruas exigir que seus governos tomem posições mais fortes diante dos ataques de Israel. “Também do lado muçulmano há muito mais coordenação nas respostas que a população está dando a seus governos. E essa é uma coordenação que não existia antes”, destacou.

O historiador enfatizou que a única coisa que pode salvar os palestinos é um levante da população palestina contra as ações do governo de Netanyahu. “E a partir daí eu acho que nós temos mais espaço para continuar erodindo essa ordem internacional norte-americana. A única coisa que pode salvar os palestinos é um levante da população palestina contra a monstruosidade que Netanyahu está fazendo, ou um levante internacional contra essa ordem controlada pelos Estados Unidos”, pontuou.

Além disso, Horta enfatizou a incapacidade das instituições internacionais, como a ONU e seu Conselho de Segurança, de resolverem a situação. Ele apontou para a importância do Brasil, mencionando a resolução brasileira que foi vetada pelos Estados Unidos. Segundo Horta, essa resolução mostrou a capacidade do Brasil de reunir o sistema internacional para uma ação conjunta, e os Estados Unidos foram forçados a usar seu último recurso, o veto, para manter sua influência.

“Aquela resolução que o Brasil passou e que é vetada pelos Estados Unidos, ela desnuda os Estados Unidos. Aquilo ali teve um poder brutal diante da diplomacia. Tem gente idiota dizendo ‘os Estados Unidos humilharam o Brasil’. Muito pelo contrário. Os Estados Unidos foram humilhados pelo Brasil. O Brasil demonstrou que com calma, com negociação, com cuidado é capaz de reunir o sistema internacional de novo para uma ação conjunta, e os Estados Unidos tiveram que usar toda sua força e seu último recurso, que é o veto, para dizer ‘não, eu continuo mandando’. Então foi um horror para os Estados Unidos”, disse. 

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