"Está havendo uma política de emparedamento do governo Lula," diz Chico Teixeira

247 – O historiador e professor titular da UFRJ, Chico Teixeira, afirmou durante entrevista ao programa Bom Dia 247 que o governo Lula enfrenta uma política de emparedamento, associada a pressões externas e internas. Ele destacou que essa conjuntura tem dificultado a atuação do governo em pautas sociais e econômicas.

Teixeira apontou que "está havendo uma tentativa de emparedamento do governo Lula" por meio de uma política de austeridade imposta pelo setor empresarial e bancário, muitas vezes endossada por membros do próprio governo. "Essa política visa tirar do governo o caráter social, progressista e popular", afirmou. Ele alertou que, ao adotar cortes de direitos sociais e trabalhistas, o governo corre o risco de enfrentar uma crise irreparável: "Seria o fim do PT e do governo Lula."

O historiador também ressaltou a falta de apoio dos governadores na pauta de segurança pública proposta pelo governo federal. Segundo ele, a segurança pública foi transformada em prioridade pela direita, suplantando outras questões, como saúde, educação e combate à fome. "Os governadores recuam porque têm medo de perder seus palanques eleitorais."

Uma das soluções apresentadas por Teixeira foi a realização de um plebiscito sobre segurança pública. "O ex-deputado Miro Teixeira propôs: 'Leva a questão ao plebiscito, com uma campanha de 30 dias na televisão mobilizando e informando as pessoas'. É preciso sair dos gabinetes", afirmou.

Ele ainda destacou o papel do movimento popular em pressionar mudanças no governo, superando a inércia dos partidos de apoio. "O movimento popular atropelou a paralisia dos partidos de apoio ao governo e do próprio governo. Foi esse movimento que levou a proposta de fim da jornada espoliativa dos trabalhadores adiante", analisou.

Teixeira também chamou atenção para o aumento da violência política no país. "Mudou o patamar da violência política contra o governo Lula. É preciso uma resposta à altura", disse, sugerindo intervenções federais em estados como São Paulo e Santa Catarina. "Tarcísio e seu secretário de segurança têm que abrir mão da segurança de São Paulo, admitir que não têm capacidade de garanti-la."

Sobre a questão da anistia, o professor foi enfático. "Não é possível discutir anistia fora da Justiça. O golpe de Estado está previsto no Código Penal, com penas de sete a 18 anos de prisão. É uma discussão jurídica, não política."

Por fim, Teixeira criticou a Procuradoria-Geral da República (PGR) pela falta de ação em relação a figuras ligadas ao governo anterior. "Por que a PGR ainda não indiciou Bolsonaro, Pazuello e Tamires, responsáveis por genocídios, inclusive contra os Yanomami?", questionou.

A entrevista abordou ainda o lançamento do novo livro de Teixeira, "O Profeta, o Califa e o Terrorista", em coautoria com o professor Carl Schuster, que traz uma análise das relações entre o califado islâmico, Al-Qaeda e Hamas. Assista: