"Estamos no melhor momento das relações entre China e Brasil", afirma pesquisador Xu Qinduo
Especialista chinês ressalta avanços em áreas estratégicas e o impacto global da parceria entre as duas nações no fortalecimento do Sul Global
247 - Pedro Paiva, correspondente da TV 247 em Nova York, entrevistou Xu Qinduo, pesquisador sênior da Fundação Pangoal e do Centro para a China e a Globalização, sobre a recente Cúpula do G20 no Brasil e o novo patamar das relações bilaterais entre China e Brasil. Durante a conversa, Xu destacou que o relacionamento entre os dois países vive "o melhor momento de sua história", com avanços significativos em comércio, investimentos, tecnologia e cooperação política no cenário internacional.
De acordo com Xu, a liderança brasileira no G20, sob o comando do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, marcou um momento de afirmação do Sul Global. "Questões como combate à pobreza, fome e financiamento climático ganharam destaque, refletindo prioridades que vão além das fronteiras brasileiras", disse. Ele ressaltou que a declaração conjunta do G20 mostrou a força de uma aliança global que busca maior representatividade em instituições como o FMI e o Banco Mundial.
Um relacionamento que transcende o comércio
O pesquisador ressaltou que a parceria entre Brasil e China deixou de ser apenas comercial, ganhando novas dimensões estratégicas. "Por anos, o relacionamento era visto como uma troca de produtos agrícolas e minerais por bens manufaturados, mas agora estamos falando de colaboração em energia limpa, inteligência artificial e infraestrutura", afirmou Xu. Ele destacou investimentos expressivos de empresas chinesas no Brasil, como a BYD e a Great Wall Motors, que abrirão fábricas no país, gerando milhares de empregos e ampliando a participação brasileira na cadeia global de valor.
Xu também mencionou a cooperação tecnológica na área de telecomunicações. A empresa chinesa Space Sale negocia com o governo brasileiro para expandir o acesso à internet via satélite em regiões remotas, promovendo inclusão digital e desenvolvimento local.
Impacto no cenário global
Além da colaboração bilateral, Xu observou que Brasil e China desempenham papéis complementares na construção de uma ordem internacional mais equilibrada. "Ambos os países estão alinhados no esforço de construir uma governança global mais justa, dando voz às nações em desenvolvimento", pontuou. Ele destacou que a cooperação entre os dois países no BRICS reforça o papel do bloco como protagonista no fortalecimento do Sul Global.
Desafios e independência estratégica
Um dos tópicos mais delicados abordados na entrevista foi a relação do Brasil com a iniciativa "Cinturão e Rota", promovida pela China. Xu explicou que, embora o Brasil não tenha aderido formalmente à proposta, os dois países mantêm sinergias estratégicas. "O Brasil deseja preservar sua independência e não se vê obrigado a escolher entre Pequim e Washington", disse.
Sobre a possível volta de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos, Xu alertou que Washington pode tentar pressionar o Brasil a enfraquecer seus laços com a China, mas destacou que o Brasil, como uma grande potência regional, toma decisões soberanas. "O Brasil não é um cachorrinho de Washington; é um país independente que prioriza seus próprios interesses nacionais", afirmou.
O futuro das relações sino-brasileiras
Ao refletir sobre o futuro da parceria, Xu Qinduo destacou que a relação entre Brasil e China é um exemplo para outras nações do Sul Global. "A China mostrou que é possível reduzir a pobreza e alcançar um desenvolvimento sustentável. Essa parceria com o Brasil não é apenas bilateral, mas global, demonstrando o potencial de cooperação entre países em desenvolvimento", concluiu.
Para Xu, o relacionamento entre as duas potências emergentes reflete não apenas a vontade de fortalecer suas economias, mas também de contribuir para um mundo mais justo e equilibrado. "Estamos no melhor momento das relações entre China e Brasil, e o futuro promete ainda mais avanços em benefício de ambos os povos", finalizou. Assista:
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