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    “Houve uma vitória eleitoral da direita, e isso é um alerta para a esquerda de reorganizar”, diz Valter Pomar

    Em análise do segundo turno, historiador aponta desafios do campo progressista e critica a falta de uma oposição consistente aos governos de direita

    (Foto: Brasil247 | ABR)

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    247 - No programa Contramola, transmitido pela TV 247, o historiador e professor Valter Pomar fez um balanço das eleições municipais de 2024, abordando as vitórias expressivas dos partidos de direita e os impactos dessa dinâmica para a política nacional. Durante a conversa com Dafne Ashton, Pomar foi direto ao afirmar que o campo da direita obteve a maioria das prefeituras e vereadores, tanto no primeiro quanto no segundo turno, sinalizando uma derrota para as esquerdas. “Houve uma vitória eleitoral da direita, e isso é um alerta para a esquerda”, afirmou.

    Pomar destacou que, nas 5.569 cidades em disputa, o campo da direita conquistou uma posição de destaque em prefeituras e câmaras municipais, enquanto as candidaturas de esquerda enfrentaram dificuldades, perdendo bases em regiões onde antes tinham presença consolidada. Ele afirmou que, desde 1982, o cenário eleitoral brasileiro já tende a favorecer a direita em termos de prefeituras e vereadores, mas que, em 2024, o desempenho das esquerdas foi especialmente preocupante. “O resultado foi uma vitória histórica das direitas. Esse resultado foi previsível, mas nós da esquerda não podemos encará-lo como normalidade”, afirmou o historiador.

    Outro ponto abordado foi a forte abstenção, com cerca de 40% do eleitorado ausente, o que, segundo Pomar, deve ser encarado como um sinal claro de descontentamento. “A abstenção é um dos maiores fenômenos dessas eleições, e ela nos diz muito sobre o desinteresse e o descontentamento da população com o sistema político atual”, destacou. Para ele, ignorar essa realidade pode ser um erro, uma vez que o alto número de votos nulos e brancos indica um distanciamento significativo de grande parte dos eleitores.

    Para Pomar, o desafio do Partido dos Trabalhadores (PT) e de outras forças de esquerda vai além de conquistar prefeituras e se concentra em reorganizar sua presença na sociedade. “Temos que estar nas ruas, nos bairros, nos locais de trabalho. A nossa derrota não foi apenas eleitoral, foi uma derrota política. Se não estivermos presentes na vida cotidiana do povo, não vamos vencer”, ressaltou, defendendo que as campanhas da esquerda precisam priorizar temas que realmente afetem a vida das pessoas, como o direito à educação, transporte público de qualidade e assistência social.

    Ele também expressou preocupação com o futuro político do país, destacando que a ascensão da direita e a vitória em grandes colégios eleitorais pode impactar as próximas eleições. “Se a esquerda não se reorganizar e não retomar seu protagonismo com uma visão clara e forte, poderemos ver uma nova aliança de direita se consolidar para 2026, e isso significa um retrocesso ainda maior nas pautas populares”, concluiu Pomar, criticando o que vê como uma abordagem desmobilizadora da esquerda institucional.

    Na visão do historiador, o impacto dos resultados de 2024 vai além de uma mera análise numérica. Para ele, a ausência de candidaturas próprias em grandes capitais, como São Paulo, mostra uma postura “ainda mais preocupante”, pois pode sugerir que a esquerda estaria “desaparecendo como opção política em muitos locais”.

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