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"Israel não aprendeu com o passado", afirma Dr. Assad Frangieh sobre o ataque ao Líbano

O cardiologista brasileiro-libanês destaca a resistência do Hezbollah e os perigos de uma escalada militar no Oriente Médio, em entrevista ao Boa Noite 247

Ambulância em hospital, em Beirute, Líbano 17/09/2024 REUTERS/Mohamed Azakir (Foto: Mohamed Azakir)

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247 – Em entrevista ao programa Boa Noite 247, o cardiologista brasileiro-libanês e oficial da reserva, Dr. Assad Frangieh, ofereceu uma análise profunda sobre a atual situação do conflito entre Israel e o Líbano. Frangieh, com sua experiência tanto médica quanto militar, trouxe à tona as complexidades do cenário geopolítico envolvendo o Hezbollah, a resistência libanesa, e as implicações mais amplas para o Oriente Médio.

"Hoje, Israel não aprendeu com o passado", afirmou Frangieh, referindo-se às operações militares em curso no sul do Líbano, onde o grupo Hezbollah tem resistido às tentativas de incursão israelense. Ele destacou que, apesar das alegações de invasão israelense, "no quarto dia, Israel ainda nem conseguiu entrar na cidade de Alde, um pequeno vilarejo a menos de quinhentos metros da fronteira".

O médico ressaltou a organização e o preparo militar do Hezbollah, indicando que o grupo tem se mostrado mais eficiente do que o exército israelense esperava. "O Hezbollah está se preparando há vinte anos", observou. "Eles possuem mísseis hipersônicos e o apoio incondicional do Irã, que também está extremamente decidido a manter sua aliança com o grupo libanês."

Um conflito que transcende fronteiras

Dr. Frangieh foi enfático ao apontar que o conflito, embora centrado entre Israel, Gaza e o Líbano, já se tornou internacionalizado. Ele mencionou o envolvimento de grandes potências como a Rússia e os Estados Unidos, indicando que o cenário atual pode ser "o início de uma Terceira Guerra Mundial, com um envolvimento multipolar".

A escalada do conflito, segundo Frangieh, está ligada diretamente ao fracasso das negociações diplomáticas. "Não há mais espaço para diplomacia", afirmou. "Hoje estamos lidando com uma situação em que o Irã, a Rússia e outros países da resistência estão do lado do Hezbollah, enquanto Israel conta com o apoio dos Estados Unidos e da Europa."

A relação entre Hezbollah e Irã

Frangieh destacou a aliança histórica entre o Hezbollah e o Irã, que ele descreveu como não apenas militar, mas também ideológica. Ele explicou que, para os xiitas libaneses, o Irã funciona como uma espécie de "Vaticano", sendo uma referência fundamentalista para o grupo. "Mesmo com a morte do secretário-geral do Hezbollah, o grupo permanece intacto", disse o cardiologista, argumentando que a hierarquia do grupo já se provou resiliente e bem preparada para reposições.

O impacto na sociedade israelense

A guerra também tem consequências graves para a população israelense, segundo Frangieh. "Milhões de pessoas estão indo para abrigos em Israel todos os dias, fugindo dos mísseis lançados pelo Hezbollah", comentou. Ele sugeriu que, se o conflito continuar se arrastando, a própria sociedade israelense pode pressionar Netanyahu a mudar de postura. "A sociedade israelense vai sentir o peso dos bombardeios do Hezbollah", previu.

Dr. Assad Frangieh também mencionou a participação crescente de outros países no conflito, como o Iêmen, que tem lançado mísseis contra Israel, e o Iraque, que atua no leste da Síria. Ele alertou que, caso Israel decida retaliar com um ataque à Síria, a Rússia poderá entrar mais ativamente no conflito. "A Rússia pode se tornar um protetor da Síria, usando sistemas de defesa como os S-300 e S-400", explicou.

O futuro do conflito

Para Frangieh, o cenário no Líbano e em Gaza ainda está longe de um desfecho. Ele acredita que a estratégia de Israel, de aumentar a pressão sobre civis libaneses e palestinos, não será suficiente para atingir seus objetivos. "Israel quer destruir o Hezbollah e o Hamas, mas está cada vez mais distante de conseguir isso", afirmou.

Com as eleições americanas no horizonte, Dr. Frangieh concluiu que o futuro do conflito também depende do desfecho político nos Estados Unidos. "Estamos aguardando para ver se haverá uma mudança na presidência americana que possa abrir espaço para uma nova solução diplomática", finalizou.

 

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