Juliane Furno explica os principais pontos do plano econômico do governo Lula
"O programa de governo do presidente Lula é um programa que reafirma a importância do Estado. É um programa antineoliberal”, resumiu a economista
247 - A economista Juliane Furno, em entrevista à TV 247, detalhou as propostas econômicas contidas no plano de governo do ex-presidente Lula (PT), que tem sido criticado por supostamente ocultar seus projetos econômicos ao longo da campanha eleitoral.
Furno concordou que Lula “precisa dar mais ênfase no futuro”, mas ponderou, destacando que o ex-presidente tem “um passado importante para apresentar. E grande parte dos problemas brasileiros hoje se resolveriam com medidas que foram feitas no passado também. O Lula demonstrou que é possível tirar o país do Mapa da Fome, reduzir a pobreza e extrema pobreza, incorporar os trabalhadores no mercado de trabalho com vínculos de empregos formais, ampliar o acesso à educação”.
Em resumo, segundo a especialista, "o programa de governo do presidente Lula é um programa que reafirma a importância do Estado. É um programa antineoliberal - ainda que possa não ser da maneira que a gente gostaria. É um programa que centra a atenção na necessidade de o Estado cumprir seu papel de indutor do crescimento, de corretor das desigualdades sociais e de perspectiva de um crescimento de longo prazo. Isso não significa concorrer com o setor privado, sufocar as iniciativas individuais. Inclusive contribuir para ter condições de haver setor privado precisa ter política estatal, como crédito, taxa de juros controlada a partir de uma perspectiva sistêmica”.
Ela destacou cinco pontos centrais das propostas econômicas de Lula
- Mudança na estrutura tributária - “Hoje há uma defasagem de mais de 100% na tabela do Imposto de Renda. Então hoje pessoas que ganham R$ 2 mil já começam a contribuir com o Imposto de Renda. É uma distorção. A alíquota do Imposto de Renda começa muito cedo, com salários muito baixos, e termina muito cedo. A alíquota máxima é de 27,5%, e hoje está na alíquota máxima quem ganha em torno de R$ 7,5 mil. Então precisa haver progressividade nessas alíquotas para inclusive se fazer cumprir um atributo constitucional que é: quem ganha mais, contribui com mais. Isso seria ‘colocar o rico no Imposto de Renda e o pobre no orçamento’. Colocar o pobre no orçamento exige capacidade fiscal, ou seja, reforma tributária que pague os cofres públicos e desonere os trabalhadores mais pobres, para que eles tenham dinheiro disponível para colocar em circulação na economia”
- Reforma trabalhista - “Está indicada a reversão de diversas modalidades de trabalhos precarizantes e também do ponto de vista da legislação sindical. Então aponta para o futuro. A mudança ou correção das iniquidades que foram aprovadas na reforma trabalhista e que não geraram emprego, só aprofundaram a informalidade e a queda da renda”
- Fim do teto de gastos - “Uso dos gastos públicos para retomar a atividade econômica, para distribuir renda e reduzir a desigualdade”
- Retomada das obras públicas - “Principalmente no que tange à questão habitacional. Você tem um déficit habitacional gigantesco e o Estado precisa ter programa para isso”
- Mudança na política de preços da Petrobrás e compromisso com a política de valorização do salário mínimo - “É um elemento que impacta muito fortemente a inflação brasileira. Portanto, mudando a política de preços, os trabalhadores vão poder ter aumento real dos seus salários em função da queda da inflação”.
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