Laurindo Lalo: “A Folha de S.Paulo virou uma assessoria jurídica do Bolsonaro”
O sociólogo e professor aposentado da ECA-USP, Laurindo Lalo Leal, destacou o papel da mídia na tentativa de desqualificação das provas contra Bolsonaro
247 – Em entrevista ao programa Brasil Agora, da TV 247, o professor aposentado da ECA-USP e sociólogo Laurindo Lalo Leal criticou duramente a postura da Folha de S.Paulo em relação às investigações sobre os atos golpistas de 8 de janeiro de 2023. Segundo ele, o jornal tem atuado como uma espécie de assessoria jurídica de Jair Bolsonaro e seus aliados, buscando desqualificar as provas apresentadas pela Procuradoria-Geral da República (PGR) e pela Polícia Federal.“A Folha de S.Paulo virou uma assessoria jurídica do Bolsonaro e de todos aqueles que estiveram nesse processo do golpe. Todos os dias temos manchetes e depois matérias internas. O Bolsonaro não tem um dia que não aparece na Folha. O Lula ficou preso, sumiu. O Bolsonaro, todo dia na Folha. Agora eles foram mais além. Agora, estão indo mais além”, afirmou o professor, criticando a cobertura do jornal, que, segundo ele, tem agido de maneira sistemática para fragilizar as acusações contra Bolsonaro.
Laurindo observa que Bolsonaro tem presença constante na capa do jornal, enquanto Lula, quando esteve preso, praticamente desapareceu das páginas da publicação.
"São três ou quatro dias em que há chamadas de capa e depois matérias internas que parecem estar sendo produzidas por escritórios de advocacia. Eu não sei quem colabora com quem. Se a Folha colabora com o escritório ou se o escritório colabora com a Folha. Porque eles se combinam", aponta.
Para o sociólogo, a cobertura do jornal tem o objetivo de enfraquecer as acusações, criando uma narrativa que coloca Bolsonaro como vítima de perseguição política. Ele destaca que essa estratégia foi inicialmente baseada na tentativa de descredibilizar a delação premiada do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid.
"Primeiro, eles diziam que tudo estava se baseando numa delação premiada do Cid, o ajudante de ordens do Bolsonaro. Então, portanto, era, como eles dizem, uma narrativa, uma versão que podia ser até uma versão obtida através de uma pressão forte dos juízes e dos policiais que o interrogaram."
A realidade dos atos golpistas
Laurindo também enfatiza que as provas obtidas nas investigações desmentem a narrativa de que os atos de 8 de janeiro foram um movimento espontâneo de cidadãos indignados. Segundo ele, as evidências mostram que havia um planejamento organizado e financiado, possivelmente por setores do agronegócio.
"Aliás, esses áudios mostram claramente que não foram as coitadinhas das velhinhas, as mães de família que foram lá protestar. Eu estive lá, fui para a posse do presidente e, no dia anterior, passei em frente ao quartel-general. Aquilo era uma operação que não se fazia na cozinha de casa nem na varanda da velhinha, não. Eram altamente profissionais, e está se vendo agora. Eu acho que ainda falta muita gente entrar na relação dos apoiadores. Dizia-se claramente, em Brasília, naquele momento, que era o agronegócio que estava bancando. Não havia meias palavras."
Diante desse cenário, o professor aponta que o papel da mídia tradicional não é apenas informar, mas construir narrativas que podem influenciar o desenrolar das investigações e a percepção pública sobre os fatos. Para ele, é fundamental que a sociedade esteja atenta a essa manipulação e busque fontes alternativas de informação para entender o que realmente está acontecendo no país.
Citando as declarações do presidente Lula durante um evento no Rio Grande do Sul, na assinatura de investimentos para a indústria naval, Laurindo destacou que a mídia tradicional sempre atuou contra os interesses populares no Brasil, relembrando episódios históricos como a campanha contra Getúlio Vargas nos anos 1950 e a destruição da estrutura pública da Petrobras. Para ele, a mídia constrói narrativas que influenciam o debate público, muitas vezes em desfavor da população.
"Essa referência que Lula faz à campanha contra os interesses nacionais da década de 50, em que o presidente Getúlio Vargas foi bombardeado... A famosa campanha do ‘Petróleo é nosso’. Agora, passados todos esses anos, os ataques continuam. A Petrobras teve destruída uma grande parte da sua estrutura pública", frisa.
Nesse contexto, Laurindo ressalta que o governo precisa ir além de slogans e trabalhar para que ideias como O petróleo é nosso sejam parte do dia a dia dos cidadãos.
"A presença da mídia tradicional sempre contra os interesses populares faz com que seja fundamental que grandes slogans políticos se tornem elementos concretos na vida de todos os cidadãos."
Comunicação direta de Lula
Para o sociólogo, os pronunciamentos em rede nacional feitos por Lula nesta semana devem ser mais frequentes e mostram a importância de um líder que sabe se comunicar diretamente com a população.
"É importante que se repita com uma certa constância, porque, sem dúvida alguma, ele {Lula} é o melhor comunicador. Ele tem a clareza das políticas que estão sendo exercidas. Ele é o gestor dessas políticas. Tem clareza. Não há ninguém com mais clareza do que ele."
Laurindo enfatiza que Lula não apenas compreende as políticas que implementa, mas também tem a capacidade de traduzi-las de maneira acessível para a sociedade, algo fundamental diante da resistência dos meios de comunicação tradicionais. Assista:
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