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Luís Maurício, do Natiruts: "O Brasil pode ser o maior produtor de cânhamo do mundo"

O músico e presidente da Associação Brasileira de Cannabis e Cânhamo Industrial defende o uso terapêutico da planta

(Foto: Divulgação )

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247 – Em entrevista concedida ao jornalista Leonardo Attuch, editor da TV 247, Luís Maurício, fundador da banda Natiruts e atual presidente da Associação Brasileira de Cannabis e Cânhamo Industrial, fez uma série de declarações relevantes sobre o potencial econômico e social do cânhamo no Brasil. Durante a conversa, Luís destacou não apenas a trajetória da banda, mas também sua luta em prol da regulamentação da cannabis no país. "O Brasil pode ser o maior produtor de cânhamo do mundo", afirmou o artista, que vem se dedicando ao ativismo na área nos últimos anos.

A entrevista abordou diversos aspectos, desde a história da banda, o uso da cannabis como inspiração musical até a transição de Luís Maurício para o ativismo pela legalização da planta. O músico enfatizou a influência da cannabis em sua obra, destacando a relação espiritual que sempre teve com a planta, inspirada em artistas como Bob Marley: "Eu nunca banalizei o uso da cannabis. Sempre foi uma ferramenta terapêutica para mim, quase um ritual", disse Luís Maurício.

Além de falar sobre o impacto da cannabis em sua vida pessoal e profissional, o artista defendeu o desenvolvimento do cânhamo industrial no Brasil. "A China, que é um país proibicionista, é o maior exportador de cânhamo do mundo. O Brasil, com suas condições climáticas e agrícolas favoráveis, poderia ser o principal produtor mundial", declarou. Luís também salientou a importância da separação das pautas relacionadas ao cânhamo e à cannabis medicinal, afirmando que o cânhamo não possui efeitos psicoativos e pode ser utilizado em diversas indústrias, como a têxtil, a de construção e a de papel.

A cannabis no mundo

Em relação ao cenário internacional, Luís trouxe exemplos de países que avançaram na regulamentação da cannabis, como Estados Unidos, Portugal e Alemanha, defendendo que o Brasil não pode ficar para trás. Ele ressaltou que o debate sobre a legalização vai além do uso medicinal e industrial, apontando a hipocrisia em torno da criminalização da planta, especialmente quando comparada ao álcool. "Estamos falando de uma planta que não mata ninguém. Não há casos de overdose de maconha, enquanto o álcool está relacionado a inúmeras tragédias", afirmou.

No campo econômico, Luís Maurício foi enfático ao falar sobre o potencial do cânhamo para gerar empregos, impostos e desenvolvimento sustentável no Brasil. Ele mencionou iniciativas recentes, como a formação de um grupo de trabalho com a Embrapa e o Ministério da Agricultura, que visa a tropicalização da genética do cânhamo para cultivo em solo brasileiro. "O cânhamo é uma planta de ciclo curto, com imenso potencial de regeneração do solo. Comparado ao eucalipto, que leva anos para ser colhido, o cânhamo pode ser cultivado em poucos meses, oferecendo uma solução sustentável para várias indústrias", explicou o artista.

O papel da informação

Ao ser questionado sobre o uso recreativo da maconha, Luís preferiu o termo "uso adulto" e destacou a necessidade de regulamentação baseada em informações científicas e não em preconceitos. "Temos que parar de hipocrisia. A política de drogas vigente falhou. Não faz sentido criminalizar uma planta que pode trazer tantos benefícios", declarou. Ele também ressaltou a importância da educação e da conscientização para que o debate avance no país.

Luís Maurício ainda compartilhou detalhes sobre sua vida pessoal, mencionando que, apesar de ter parado de fumar cannabis há quatro anos, continua utilizando o óleo de CBD para fins medicinais. Ao falar sobre suas filhas, ele reforçou a importância de educá-las com informações corretas e sugeriu o uso de formas menos prejudiciais de consumo, como a vaporização. "O importante é trazer a verdade e reduzir danos. Informação segura é o melhor caminho", concluiu.

A entrevista terminou com um apelo do músico à sociedade brasileira, para que seja aberta ao debate e à regulamentação do cânhamo e da cannabis. "Estamos falando de economia, saúde e segurança. O Brasil precisa encarar essa pauta com seriedade e deixar de lado os estigmas e preconceitos", finalizou.

A importância do Natiruts na música brasileira

A banda Natiruts é um dos principais nomes do reggae brasileiro e sua importância transcende o cenário musical, impactando a cultura e o pensamento social no Brasil. Fundada em Brasília em 1996, o grupo trouxe uma abordagem única ao reggae, mesclando ritmos e melodias do gênero com influências brasileiras, como o samba e a MPB. Isso não só ajudou a popularizar o reggae no Brasil, mas também ofereceu uma nova forma de olhar para a música de protesto e reflexão, sempre com uma mensagem de positividade e esperança.

O Natiruts sempre foi uma banda que dialogou diretamente com questões sociais, desde a valorização da natureza e da paz interior até o enfrentamento de temas como desigualdade e justiça social. Suas letras carregam uma forte carga espiritual e humanista, características que conquistaram uma ampla base de fãs, tanto no Brasil quanto no exterior. A mensagem de amor, liberdade e respeito ao próximo, presente em canções como "Presente de um Beija-Flor" e "Liberdade pra Dentro da Cabeça", ressoou profundamente entre diferentes gerações, tornando a banda um ícone cultural.

O Natiruts também se destacou pela longevidade e pela capacidade de se reinventar ao longo das décadas, sem perder a essência. A banda manteve-se fiel aos seus princípios, resistindo às pressões comerciais e nunca abrindo mão de suas convicções artísticas e ideológicas. Assista, abaixo, a entrevista de Luís Maurício: 

 

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