"Macron quer sacrificar a esquerda, numa frente ampla contra o fascismo", diz Alysson Mascaro
Jurista afirma que o terremoto político na França poderá reconfigurar o jogo do capitalismo mundial. Assista na TV 247
247 – O professor e jurista Alysson Mascaro fez duras críticas, em entrevista à TV 247, à estratégia do presidente francês, Emmanuel Macron, que, segundo ele, está disposto a sacrificar a esquerda em uma frente ampla contra o fascismo. A análise de Mascaro ocorre no contexto das eleições antecipadas na França, previstas para o fim de junho e início de julho, após Macron dissolver o Parlamento em razão do avanço da extrema-direta nas eleições europeias.
A decisão de Macron de convocar eleições antecipadas veio após uma derrota esmagadora nas eleições ao Parlamento Europeu. De acordo com a pesquisa de opinião da Toluna Harris Interactive, o partido Reunião Nacional (RN) de Marine Le Pen deve aumentar significativamente sua representação na Assembleia Nacional, de 88 para até 265 assentos. Em contraste, a aliança liderada por Macron pode ver seu número de parlamentares cair drasticamente, enquanto os partidos de esquerda, juntos, poderiam controlar entre 115 e 145 assentos.
Para Mascaro, as eleições europeias, embora não sejam o evento mais drástico da ascensão da extrema-direita, também não podem ser consideradas banais. Ele argumenta que a aliança dos países europeus com os Estados Unidos está arranhada, e Macron terá que fazer uma coabitação com a extrema-direita.
"Essa mudança reconfigura o jogo do capitalismo mundial", afirmou o jurista, destacando que a extrema-direita europeia possui algum grau de divergência em relação ao imperialismo.
Mascaro também comparou a situação europeia com a da América Latina, onde o imperialismo flui de maneira mais suave. "Na Europa, o jogo preferencial é com os liberais", observou, apontando que a verdadeira busca é pelo sacrifício da esquerda em uma frente ampla contra o fascismo.
União Europeia e a extrema-direita - O professor foi enfático ao dizer que a falência da União Europeia não se deve à extrema-direita, mas à própria estrutura do bloco. "Ela foi uma união das elites – e os trabalhadores nunca foram consultados", afirmou Mascaro. Segundo ele, as esquerdas são caudatárias da direita porque apenas a extrema-direita faz interpelação ideológica.
"Hoje, a esquerda alemã é contra a soberania alemã, enquanto a extrema-direita flerta com a soberania", destacou.
Mascaro alerta para o risco de anulação da esquerda europeia, que estaria sendo entregue a Macron. "Estão tentando anular a esquerda europeia, entregando-a para Macron", declarou, ressaltando que a coabitação com a extrema-direita é um movimento que sacrifica a verdadeira oposição ao fascismo e ao neoliberalismo. Assista na TV 247:
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