Entrevistas

Maria Lúcia Fattorelli denuncia a ciranda financeira embutida nos juros do BC

Auditora aponta em entrevista o efeito nocivo da continuidade dos juros brasileiros nas alturas. Assista na TV 247

Maria Lúcia Fattorelli (Foto: Pedro França/Agência Senado)

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247 - Após anunciar em primeira mão para o 247 que o estado de Minas Gerais foi o primeiro a solicitar oficialmente uma auditoria da sua dívida pública, a coordenadora nacional da Auditoria Cidadã da Dívida (ACD), Maria Lúcia Fattorelli, fez um verdadeiro raio X do que é a nossa dívida pública e do quanto é injusto jogar a conta para a sociedade pagar. A auditoria mineira foi uma vitória, em sua opinião, do Sindifisco, o sindicato dos auditores locais.

“A gente não é contra dívidas”, afirmou. O que deveria ser motivo de perplexidade, para ela, é “o grande diferencial entre a dívida pública no Brasil e a dos outros países”. 

Aproveitando o exemplo, estabelecendo um paralelo entre o estoque da dívida do Brasil e a dívida pública americana, Fattorelli esclareceu que, apesar dos EUA ter 107% do seu PIB comprometido com a sua dívida pública, isto para eles não significa nenhum sacrifício, pois a taxa de juros deles “é próxima de zero”. 

Com isso, a auditora aponta o efeito nocivo da continuidade dos juros brasileiros, mantidos nesta semana na casa dos 10,5%, pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central. “Os títulos públicos americanos são títulos de longuíssimo prazo. Além de eles terem essa taxa próxima de zero, eles ainda têm um balizamento de acordo com a valorização ou desvalorização dos títulos”, que determinam os resultados, com reflexos, inclusive, no Brasil.

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Ela lembrou que o estoque da dívida pública no Japão está na casa dos 200% do PIB, mas não abala as finanças, porque a taxa de juros é negativa. “É um juro que não cobre nem sequer a inflação”, destacou, acrescentando que lá, ao contrário do sistema brasileiro, não há especulação sobre os títulos públicos.

A auditora apontou distorções do tipo: “Há mais de R$ 2,3 trilhões que o Tesouro Nacional doa para o Banco Central, advindos desses títulos, e paga juros por eles”. Nesse momento, lembrou que há em curso no Congresso Nacional um Projeto de Emenda Constitucional (PEC), de nº 65, que propõe a transformação do BC em uma empresa privada. Ou seja, uma entrega desabrida da nossa política monetária, que ela classificou de “um abuso”. Explicou que isso significa transferir as nossas reservas à iniciativa privada. “Isso tem que estar a cargo do Estado”, frisou.

Em sua opinião, já foi distorção nomear um banqueiro aliado do projeto derrotado nas urnas, para conduzir o BC. “Ele foi derrotado nas urnas e continua mandando na moeda, nos juros, no câmbio, na política monetária, em tudo. Isso é um desrespeito à população”, protestou.

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Fattorelli disse ainda que grande parte da dívida está indexada à taxa Selic. “Então, a estimativa é a de que o Brasil pagará de R$ 800 bilhões a R$ 1 trilhão de juros da dívida neste ano!". A maior parte desse total o BC destina para pagar aos bancos, detentores da maior parte dos títulos públicos. Ou seja, os banqueiros se sentam em cima do dinheiro que a sociedade deposita em seus estabelecimentos, e em vez de emprestar para movimentar a economia, eles trancam no cofre e caem na farra do lucro pelos títulos públicos. 

Depois não querem que o presidente Lula se revolte com o engessamento da economia pela política monetária emanada do Banco Central autônomo e dirigido pelo declaradamente bolsonarista Roberto Campos Neto, “aquele cidadão”. Assistam no domingo, às 12h, pela TV 247, à entrevista completa concedida ao “Denise Assis Convida”: 

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