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    Mundo multipolar pode frustrar a guerra total de Israel e dos neocons, diz Pepe Escobar

    Analista destaca o papel crescente de Rússia, China e BRICS no Oriente Médio em entrevista a Danny Haiphong

    Pepe Escobar | Joe Biden com Benjamin Netanyahu | Vladimir Putin com Xi Jinping (Foto: Felipe L. Gonçalves/Brasil247 | Reuters)

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    247 – Em entrevista recente ao canal de YouTube de Danny Haiphong, o analista geopolítico Pepe Escobar abordou as mudanças significativas nas posições de Rússia e China em relação ao Oriente Médio, em meio à escalada de tensões entre Israel e Líbano. Escobar, conhecido por suas análises detalhadas sobre a dinâmica multipolar global, afirmou que o posicionamento dessas potências pode frustrar os planos de guerra total promovidos por Israel e seus aliados neoconservadores.

    "Pouco a pouco, os chineses estão se tornando mais assertivos... algo que nunca vimos antes", afirmou Escobar, destacando a declaração inédita de apoio da China a "nossos irmãos árabes, especialmente a Palestina". Segundo o analista, essa posição marcaria um divisor de águas na tradicional postura reservada da diplomacia chinesa, refletindo uma mudança profunda na política internacional.

    Escobar também chamou a atenção para a situação crítica no Líbano, onde Israel tem bombardeado intensamente, causando a morte de centenas de civis. "Estamos vendo conversas sobre uma guerra total", disse ele, mencionando os ataques do Hezbollah contra a sede da inteligência israelense, o Mossad, como um indicador de que o conflito pode se expandir ainda mais.

    O papel dos BRICS e o desafio da cúpula em Kazan

    A expectativa em torno da próxima cúpula dos BRICS, agendada para o final de outubro em Kazan, Rússia, foi outro ponto central da entrevista. Escobar destacou que as negociações entre os membros da coalizão – que agora inclui o Irã – estão em andamento e são cruciais para definir uma posição conjunta em relação à crise no Oriente Médio.

    "As negociações estão frenéticas", afirmou Escobar, acrescentando que os BRICS terão de propor um plano geopolítico e econômico para o "Sul Global" que vá além da mera retórica. Um dos temas mais delicados será a resposta à crise humanitária em Gaza, que ele descreve como genocídio, e à possibilidade de uma nova onda de violência no Líbano, onde a maioria das vítimas até agora são civis.

    Crítica à ONU e o papel dos EUA

    Escobar não poupou críticas à ONU, descrevendo-a como "um monólito de incompetência e irrelevância". Ele observou que, na recente "Cúpula do Futuro", a organização falhou em formular uma resposta adequada à crise em Gaza. "O que vimos em Nova York foi um roteiro surrealista", afirmou, destacando que Rússia, China e Irã rejeitaram o pacto proposto, alegando que era contrário aos interesses dos BRICS.

    Segundo Escobar, a inação da ONU diante da crise no Oriente Médio está diretamente ligada ao poder de veto de países como Estados Unidos, Reino Unido e França, que bloqueiam qualquer resolução que possa beneficiar a Palestina ou conter Israel. "Não podemos mais contar com a ONU", concluiu, ressaltando a urgência de uma nova liderança global.

    O caminho para um mundo multipolar

    Para Escobar, o futuro das relações internacionais passa pela capacidade dos BRICS de superar suas diferenças internas e criar uma alternativa viável à atual ordem mundial dominada pelo Ocidente. A cúpula de Kazan, segundo ele, será um passo importante nesse processo, mas ainda há muito a ser feito. "Eles precisam de um mapa de ações concreto", enfatizou, apontando que as potências emergentes não podem se limitar a discursos.

    Com suas declarações contundentes, Pepe Escobar delineia um cenário em que o mundo multipolar, liderado por Rússia, China e outros membros dos BRICS, pode desempenhar um papel decisivo na prevenção de conflitos mais amplos no Oriente Médio e na construção de uma nova ordem internacional mais equilibrada. Assista:

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