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"Não podemos soltar fogos por crescimento de 3%", diz Paulo Nogueira Batista Júnior

Economista afirma que este deve ser o piso – e não o teto do crescimento econômico

(Foto: ABR | Brasil247)

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247 – Em entrevista concedida ao jornalista Leonardo Attuch, editor da TV 247, o economista Paulo Nogueira Batista Júnior destacou que o crescimento do PIB brasileiro em torno de 3% não deve ser motivo de comemoração exagerada. Para ele, embora o número represente um avanço, o Brasil tem potencial para crescer muito mais e não deve se contentar com esse desempenho. "Os dados da economia brasileira demonstraram mais uma vez a incapacidade dos economistas liberais de prever o desempenho do PIB", afirmou Batista Júnior. "Os economistas estão errando há três anos", completou, referindo-se à discrepância entre as previsões de crescimento e o resultado efetivo da economia nacional.

Batista Júnior enfatizou que, mesmo diante de adversidades, como as enchentes no Rio Grande do Sul e a seca que afetou diversas regiões do país, o Brasil ainda consegue atingir o crescimento de 3%. "O Brasil vai crescer 3% apesar dos choques de oferta", disse. Porém, ele adverte que esse número deve ser visto como o mínimo aceitável para o país. "Não vamos soltar fogos por crescimento de 3%. Esses 3% devem ser o nosso piso, e não o nosso teto. O Brasil pode e deve crescer mais", afirmou, reforçando que o potencial do país está muito além das metas atualmente alcançadas.

O papel do Banco Central e a economia sob nova direção

Outro ponto levantado por Paulo Nogueira Batista Júnior foi a condução da política monetária e o impacto das decisões do Banco Central no crescimento econômico. Para o economista, um dos principais erros foi a fixação de uma meta de inflação "ambiciosa demais", o que teria prejudicado a dinâmica do crescimento. "O erro foi fixar a meta de inflação ambiciosa demais", criticou, referindo-se à gestão de Roberto Campos Neto, atual presidente do Banco Central.

Com a saída de Campos Neto prevista para breve, Batista Júnior vê a possibilidade de mudanças significativas na condução da política econômica. Ele considera que a nova gestão do Banco Central, sob a liderança de Gabriel Galípolo, tem uma grande responsabilidade pela frente. "Sem Roberto Campos Neto, é chegada a hora da mudança", afirmou o economista, prevendo uma nova fase para o controle monetário no Brasil. "A partir de janeiro, o governo Lula terá a presidência do Banco Central, com Gabriel Galípolo, e a maioria dos diretores", comentou. Para Batista Júnior, o governo tem a obrigação de iniciar uma mudança estrutural na política econômica já no próximo ano.

O primeiro teste de Gabriel Galípolo

Entre os desafios que aguardam Galípolo, Batista Júnior destacou a questão da PEC/65, que, segundo ele, representa um risco ao País. "Teste número um do Galípolo: como vai lidar com a PEC/65, que é tão nociva?", questionou. A PEC, que amplia a independência do Banco Central, tem sido amplamente criticada por economistas que a consideram prejudicial por facilitar a captura da autoridade monetária pelo sistema financeiro.

O economista argumenta que, com a mudança no comando do Banco Central, há uma oportunidade única para corrigir rumos e ajustar as políticas econômicas. "O governo tem a obrigação de iniciar uma mudança a partir de janeiro", reforçou, apostando em uma virada de chave na gestão econômica do país.

Projeções e desafios para o futuro

O comentário de Batista Júnior vem no contexto das mais recentes projeções econômicas divulgadas pelo Ministério da Fazenda. Segundo o novo boletim da Secretaria de Política Econômica (SPE), a expectativa de crescimento do PIB brasileiro em 2024 foi elevada de 2,5% para 3,2%. No entanto, as previsões para 2025 foram revistas para baixo, com uma expectativa de crescimento de 2,5%. Apesar da revisão positiva para o próximo ano, Batista Júnior alerta que o Brasil pode e deve almejar mais. Para ele, o crescimento econômico de 3% é apenas um ponto de partida e não deve ser visto como o limite do que o país pode alcançar. Assista:

O desafio, portanto, será manter a trajetória de crescimento em um cenário de ajustes fiscais e controle da inflação, ao mesmo tempo em que se lida com as pressões externas e os impactos climáticos, que têm afetado setores importantes da economia, como a agricultura. O economista acredita que, com uma política econômica mais alinhada ao crescimento sustentável, o Brasil tem condições de superar esses obstáculos e atingir taxas de crescimento mais robustas nos próximos anos. Assista:

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