“Não vamos apertar os mais pobres para compensar benefícios à classe média”, diz Simone Tebet
Ministra discute seu livro, reforma tributária e ajustes fiscais em entrevista a Marcelo Auler
247 - A ministra do Planejamento, Simone Tebet, concedeu uma entrevista ao jornalista Marcelo Auler, onde falou sobre sua trajetória, a inspiração por trás de seu livro O Voo das Borboletas, e os principais desafios econômicos do governo federal.
Sobre o livro, Tebet revelou que a obra é um tributo às jovens brasileiras que a acompanharam durante sua campanha política:
"O livro é uma retribuição às jovens brasileiras pelo carinho. Elas seguraram minha mão durante a campanha e não me largaram em nenhum momento. Nossa fala e trabalho estimularam a coragem de muitas mulheres. Recebi centenas de cartas, inclusive de jovens que enfrentavam depressão ou tentativas de suicídio. Uma delas escreveu que desistiu de tirar a própria vida porque viu um vídeo meu e isso lhe deu coragem."A ministra destacou a importância de enfrentar e aprender com as derrotas:"As três maiores derrotas da minha vida me trouxeram até aqui. Às vezes, foi justamente ao perder que mais ganhei. Minha mensagem para essas jovens é que tenham coragem de se levantar tão rápido quanto caíram. Este livro é meu abraço carinhoso para todas as Marias do Brasil."
Compromissos ministeriais e reformas econômicas
Simone Tebet relatou como conseguiu ajustar sua agenda para lançar o livro sem comprometer as responsabilidades no ministério: "Estou no Rio de Janeiro, mas, enquanto isso, ajustando os textos finais da PEC que será apresentada ao Congresso. Será uma PEC assinada por todos os ministros da equipe econômica. A partir daí, o Congresso poderá aperfeiçoar, modificar ou ajustar o texto, como é próprio da democracia.
"Sobre a reforma tributária, ela reforçou a intenção de promover uma distribuição justa de encargos fiscais:"Não vamos apertar os mais pobres para compensar benefícios à classe média. Pelo contrário, a classe média será beneficiada com isenções no Imposto de Renda a partir de 2026, sem comprometer o orçamento ou prejudicar programas sociais. Além disso, estamos implementando medidas compensatórias para os mais ricos e revisando gastos tributários que não são mais justos."
A ministra também reconheceu desafios na comunicação das propostas:"Reconheço que o pacote foi mal comunicado e mal interpretado. Ainda faltam detalhes a serem apresentados. Mas o ajuste fiscal está claro: é necessário e será feito de forma justa."
Revisão do Benefício de Prestação Continuada (BPC)
Tebet abordou os ajustes planejados no BPC, destacando a necessidade de garantir o benefício a quem realmente precisa:
"Muitos casos não atendem mais aos critérios originais do benefício. Por exemplo, todos nós estamos em algum ponto do espectro autista, para mais ou para menos. Eu, por exemplo, sou muito acelerada, mas isso não me impede de trabalhar. Estamos revisando o programa para garantir que ele chegue a quem realmente precisa — pessoas com deficiência que não têm condições de trabalhar ou se sustentar."
Perspectivas econômicas
Encerrando a entrevista, a ministra expressou confiança na economia brasileira e na queda do dólar:
"Ainda é possível ficar abaixo dos R$ 6 ainda em 2024. Algumas medidas adicionais que, por questão de timing, foram cortadas agora poderão vir em 2025. Acredito piamente que o dólar vai cair, vai baixar dos R$ 6, por duas razões. Porque não interessa a ninguém, nem aos agentes econômicos, não interessa aos bancos, que não conseguem depois, com a inadimplência, terem a solvência de sua carteira, não interessa ao agronegócio brasileiro, não interessa a ninguém o dólar alto."
Ela também destacou as ações necessárias para alcançar essa meta: "Acho que duas medidas serão necessárias: o texto, que sai amanhã (terça-feira, 03/12), e a aprovação pelo Congresso Nacional, que tenho certeza que serão parceiros do Brasil aprovando ainda esse ano o pacote."
A entrevista refletiu a visão de Tebet sobre a importância de um equilíbrio entre as responsabilidades ministeriais e a valorização das trajetórias individuais em momentos de desafios, além de sua confiança no avanço das medidas econômicas para o país. Assista
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