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    “Nenhum país pode se desenvolver apenas exportando commodities”, diz Dilma ao 247

    Em entrevista exclusiva à TV 247, presidenta do Novo Banco de Desenvolvimento alerta para desafios do desenvolvimento

    (Foto: TV 247)
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    247 - Durante entrevista ao editor-chefe do Brasil 247, Leonardo Attuch, a ex-presidenta Dilma Rousseff, atual presidenta do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), destacou a importância do acesso à tecnologia como fator essencial para o desenvolvimento sustentável dos países emergentes. Dilma enfatizou que a falta de investimentos em inovação condena nações a um crescimento limitado, impossibilitando sua transição para economias mais avançadas.

    Dilma alertou para um dos maiores desafios enfrentados pelos países em desenvolvimento: a dificuldade de superar a chamada "armadilha da renda média". "Nenhum país pode se desenvolver apenas exportando commodities. Isso é essencial, mas não basta. Se não houver inovação e acesso à tecnologia, esses países ficam presos em um ciclo de crescimento limitado", afirmou.

    A ex-presidenta explicou que a armadilha da renda média ocorre quando um país, após um período de crescimento baseado em setores tradicionais da economia, encontra dificuldades para avançar para estágios mais complexos de produção e inovação. "Um país que não investe em tecnologia e educação fica estagnado, sem capacidade de competir globalmente em setores de maior valor agregado", destacou.

    O papel do Banco dos BRICS na promoção da inovação

    Segundo Dilma, o Novo Banco de Desenvolvimento tem buscado incentivar a inovação nos países membros por meio do financiamento de projetos estratégicos. "Estamos focados em investimentos que ampliem a capacidade dos países de desenvolver tecnologia própria. Isso significa fortalecer a pesquisa, a educação e a industrialização baseada em conhecimento", disse.

    Ela ressaltou que a inovação não se trata apenas de transferência de tecnologia, mas da capacidade dos países de desenvolverem sua própria base científica. "A cooperação internacional é essencial, mas é preciso que os países tenham autonomia para criar suas próprias soluções. Sem isso, ficam dependentes de tecnologias externas e não conseguem avançar", explicou.

    Exemplos de inovação e desenvolvimento nos BRICS

    Dilma citou a China como um exemplo de país que conseguiu avançar na inovação, criando uma estrutura tecnológica robusta em um curto período. "A China está investindo massivamente em energia renovável, inteligência artificial e semicondutores. Isso mostra como um país pode usar a tecnologia para sair da armadilha da renda média e se tornar uma potência econômica", afirmou.

    Ela também mencionou o potencial do Brasil, destacando que o país possui um setor energético diferenciado, baseado em uma matriz renovável, mas que precisa investir mais em inovação. "O Brasil tem uma das melhores matrizes energéticas do mundo. No entanto, precisa fortalecer seu parque industrial e tecnológico para agregar valor à sua produção", disse.

    Outro ponto enfatizado foi a necessidade de investimentos em infraestrutura digital e inteligência artificial nos países dos BRICS. "A revolução tecnológica está acontecendo agora, e quem não estiver preparado para ela vai ficar para trás", alertou.

    Tecnologia como ferramenta de soberania

    Para Dilma, o acesso à tecnologia não é apenas um fator econômico, mas também uma questão de soberania nacional. "Se um país depende totalmente de tecnologia estrangeira, ele está vulnerável a decisões externas. É preciso desenvolver tecnologia própria para garantir independência e capacidade de competir no cenário global", afirmou.

    Ela reforçou que o NDB tem compromisso com a inovação e está estruturando financiamentos para projetos voltados à digitalização, pesquisa e desenvolvimento. "Nosso papel é garantir que os países dos BRICS tenham acesso a recursos para fortalecer suas capacidades tecnológicas e científicas", disse.

    Dilma Rousseff destacou que a transição para economias baseadas em conhecimento é fundamental para o desenvolvimento sustentável dos países emergentes. "A história mostra que nenhum país se tornou potência sem investir pesadamente em tecnologia, educação e inovação. Sem esses elementos, o crescimento é limitado e a dependência externa aumenta", concluiu.

    A ex-presidenta reafirmou que o Novo Banco de Desenvolvimento continuará apoiando iniciativas que promovam o desenvolvimento tecnológico e a soberania dos países membros dos BRICS. "Nosso objetivo é garantir que os países tenham as condições necessárias para construir seu próprio caminho para o progresso", finalizou. Assista:

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