"Nunca estivemos num grau de ameaça tão grande à civilização humana quanto hoje", diz especialista
Risco global aumenta e cientista alerta para o perigo da escalada de conflitos, crises climáticas e avanço da extrema-direita
247 - Em entrevista ao programa Boa Noite 247, o físico, professor e ambientalista Alexandre Araújo Costa fez um alerta contundente sobre a gravidade da situação planetária atual. Durante a conversa, ele explicou o significado do chamado "Relógio do Juízo Final" e destacou que, atualmente, nunca estivemos tão próximos da catástrofe global. "Na verdade, não é uma medida de tempo, é uma medida de risco de catástrofe global. Pode ser tratado como relógio do fim do mundo, mas não é um relógio no sentido de marcar o tempo", afirmou o pesquisador.
Criado originalmente para monitorar o risco nuclear, especialmente no contexto da Guerra Fria, o Relógio do Juízo Final tem levado em conta novos fatores nos últimos anos. "De uns tempos pra cá, outros indicadores começaram a ser considerados, como a escalada de conflitos, o avanço das redes sociais na propagação de desinformação, o risco de biotecnologias usadas para a guerra e a emergência climática", explicou.
O impacto de Trump e o agravamento do cenário global
A entrevista também abordou a influência do ex-presidente Donald Trump na piora do cenário global. Segundo Costa, "embora a chegada de Trump ao poder seja um fator relevante, esse relógio já estava muito próximo da meia-noite antes". No entanto, ele ressalta que as políticas ultraconservadoras e negacionistas do ex-presidente norte-americano agravam o quadro: "Ele assume mais claramente sua postura negacionista e seu desprezo por valores fundamentais de solidariedade humana e respeito ao meio ambiente".
O professor destacou que, atualmente, o relógio marca apenas 89 segundos para a meia-noite, representando o momento mais crítico da história. "A comunidade científica avalia que nunca estivemos num grau de ameaça tão grande à continuidade da civilização humana quanto hoje".
Crise climática e a COP-30
Outro ponto de destaque na entrevista foi a discussão sobre a crise climática e a COP-30, que será sediada no Brasil em 2025. Costa alertou que a decisão de Trump de retirar os Estados Unidos do Acordo de Paris representa um retrocesso significativo. "Com todas as suas limitações, o Acordo de Paris é o melhor que conseguimos em termos de plataforma para conter o aquecimento global", afirmou. "A tragédia de Trump repetir esse rompimento oito anos depois é que, nesse intervalo, a temperatura global já subiu meio grau".
O cientista enfatizou a gravidade da situação: "2024 foi o ano mais quente do registro histórico, o primeiro a ultrapassar a barreira de 1,5°C. Estamos muito próximos da ultrapassagem irreversível desse patamar, o que significa eventos extremos cada vez mais devastadores".
Para ele, a COP-30 será uma oportunidade crucial para pressionar os governos a tomarem medidas concretas: "Os negociadores das potências globais devem sentir a pressão da sociedade. Precisamos construir alternativas na base, fortalecer movimentos sociais, a agroecologia, o veganismo popular e o transporte eletrificado".
A ascensão da extrema-direita e os riscos para o futuro
Durante a entrevista, Costa também destacou os riscos da ascensão da extrema-direita no mundo. "Neste momento, temos uma extrema-direita organizada e com mais força do que há oito anos. O governo de Trump, hoje, se manifesta como um governo mais abertamente fascista". O cientista alertou que essa influência está se espalhando por outros países: "Infelizmente, a Argentina já cogita sair do Acordo de Paris, seguindo os passos de Trump. Isso pode gerar um efeito dominó".
Para ele, a saída não é individual. "Eles querem nos vender a ideia de botes salva-vidas no Titanic. Mas, para a maioria da sociedade, só há porões trancados", criticou. "A saída é outra: mobilização, enfrentamento e a construção de um novo projeto de sociedade".
Mobilização social como resposta
Para Costa, a solução para reverter esse cenário está na ação coletiva: "Minha aposta continua sendo a luta, a mobilização social, a capacidade das pessoas de se engajar e se envolver". Ele ressaltou que o caminho passa pela solidariedade: "Nossa força mobilizadora é o amor, a generosidade, a empatia. Precisamos assumir isso e abraçá-los".
O cientista concluiu sua fala reafirmando a importância da pressão popular na COP-30: "Belém tem que ser um caldeirão. Precisamos fazer com que os negociadores sintam o peso da sociedade e ajam de forma concreta para evitar um colapso global". Assista:
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