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      "O Brasil ainda precisa de petróleo”, defende especialista

      Professor de Geologia do Petróleo no Departamento de Geologia da UFRJ analisa legislação e impactos da exploração no Brasil

      (Foto: Divulgação)
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      247 - Em entrevista ao programa Boa Noite 247, da TV 247, Jorge Figueiredo, professor de Geologia do Petróleo no Departamento de Geologia da UFRJ, discutiu os desafios e as perspectivas do setor energético brasileiro. Com 30 anos de experiência na Indústria de Óleo e Gás, sendo 22 deles na Petrobras, Figueiredo trouxe à tona questões cruciais sobre a gestão dos recursos naturais, o papel do Ibama na regulação ambiental e os riscos associados à perfuração de poços em áreas ainda inexploradas, com especial ênfase nas bacias da Margem Equatorial Brasileira, particularmente a Bacia da Foz do Amazonas, área sobre a qual ele tem vários artigos publicados.

      Um dos pontos centrais da entrevista foi a necessidade de equilibrar desenvolvimento econômico e preservação ambiental. "O Brasil ainda precisa de petróleo, ainda precisa de mais petróleo", afirmou Figueiredo, destacando que a questão não é apenas a existência do recurso natural, mas sim como ele será gerido. "Não é o petróleo o que é a esperança, é a gestão do petróleo, que deve ser boa para a nação", completou o especialista.

      Gestão e riscos: lições da história

      Figueiredo lembrou o histórico de acidentes relacionados à exploração de petróleo no Brasil, ressaltando que, embora raros, esses eventos trágicos devem servir como alerta. Ele citou o exemplo do campo de Enchova, na década de 1980, onde um incêndio em uma plataforma resultou na morte de 37 pessoas. "Foi uma tragédia muito mais humana do que técnica", disse, referindo-se ao episódio que ocorreu durante a evacuação da plataforma.

      Segundo ele, o risco sempre estará presente em atividades dessa natureza. "O risco é inerente, não tem jeito nenhum. Você tem que mitigar o risco, né? Tomar todas as medidas para mitigar o risco." Figueiredo enfatizou que a análise científica e o uso de dados são fundamentais para minimizar os impactos. "A gente tem hoje no Brasil mais de oito mil poços perfurados no mar equatorial brasileiro, com pouquíssimos acidentes."

      O papel do Ibama e a legislação vigente

      Outro ponto abordado foi o papel do Ibama na concessão de licenças para novas perfurações. Figueiredo explicou que o órgão ainda não autorizou a perfuração de um poço específico na Bacia de Campos, apesar de já terem sido perfurados cerca de 80 poços na região sem grandes problemas. "Essa locação que está sendo prevista é em lâmina d'água de mais de mil e oitocentos metros, portanto bastante longe da plataforma continental, onde está a principal biodiversidade", observou.

      Ele também falou sobre as diferenças entre os regimes de partilha e concessão, explicando que a regra de partilha só se aplica a um polígono geográfico específico nas bacias de Campos e Santos. "No Brasil inteiro, o que vale é o regime de concessão", disse, destacando a complexidade jurídica envolvida em alguns casos. "Há campos que a metade está dentro da legislação da partilha e a metade está fora, então é preciso fazer um processo complicado, chamado de unitização."

      Reflexões sobre o futuro

      Ao final da entrevista, Figueiredo fez uma reflexão sobre o papel do petróleo no desenvolvimento nacional. "Se houver petróleo na margem equatorial brasileira, não vai ser ele em si que vai resolver o problema ou não vai resolver. O que vai resolver o problema vai ser a gestão dessa riqueza." Assista: 

       

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