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    "O risco fiscal é pretexto, é uma invenção", diz Luiz Gonzaga Belluzzo

    Luiz Gonzaga Belluzzo critica a manipulação dos mercados financeiros e destaca a tentativa de inviabilizar o governo Lula

    (Foto: Luiz Gonzaga Belluzzo (Foto: Felipe Gonçalves / Brasil 247))
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    247 - Luiz Gonzaga Belluzzo, economista renomado, expressou em entrevista ao Boa Noite 247 sua crescente inquietação com a atual situação do Brasil, especialmente com o poder político que os mercados financeiros têm exercido sobre o governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Belluzzo não hesita em afirmar que a crise fiscal, frequentemente discutida por economistas, é, na verdade, uma invenção dos poderosos para inviabilizar o governo progressista.

    "Eu estou muito inquieto, muito inquieto com a situação que o Brasil está vivendo, sobretudo com essa movimentação, digamos, muito eivada de poder político dos mercados financeiros", disse Belluzzo. Para ele, a narrativa do risco fiscal não passa de uma desculpa para um jogo político em que os mercados, aliados às classes dominantes, tentam minar a administração atual.

    Belluzzo critica a ideia amplamente disseminada pelos economistas de que a política deve ser separada da economia, lembrando que Adam Smith, em sua obra seminal, abordou a economia justamente no âmbito da política. O economista sugere que a visão ortodoxa da economia ignora o papel essencial da moeda e da dinâmica do fluxo financeiro, essencial para o funcionamento do sistema econômico. "Quando o Estado gasta, ele na verdade, movimenta o circuito financeiro monetário. Mas os economistas, em geral, passam por cima da moeda," destacou Belluzzo.

    Ele argumenta que, longe de ser um problema fiscal, a alegação do risco fiscal é uma manipulação para criar uma narrativa que justifique o cerco ao governo Lula. Belluzzo destaca que o Brasil, ao comparar seus resultados fiscais com outros países, está em uma posição relativamente sólida e que o aumento da arrecadação e o crescimento econômico são fatores importantes que foram ignorados pelos críticos do governo.

    "Os economistas tentam apresentar isso como um problema fiscal, mas é mentira, não existe risco fiscal nenhum," afirmou. Ele acrescenta que o real objetivo por trás dessa movimentação é claro: enfraquecer e desestabilizar o governo, especialmente com a proximidade de 2026, quando se esperaria uma mudança na alíquota do Fundeb, um ponto de crítica feroz por parte de economistas de mercado.

    Belluzzo também aproveita para questionar o papel dos mercados financeiros como agentes de poder. Para ele, o mercado não é uma construção técnica, mas sim uma força política. Ele critica a manipulação das expectativas do mercado financeiro, observando que as decisões tomadas pelos investidores são, muitas vezes, baseadas em especulações sobre o futuro, sem consideração pelas realidades econômicas.

    O economista também aborda a relação do Brasil com os Estados Unidos e o impacto da política de Trump sobre a economia global. Ele aponta que, com a ascensão de Trump à presidência, a tendência é de um maior afastamento dos países em relação ao dólar como moeda de referência. "A perda de hegemonia do dólar é um fenômeno que já foi observado no passado, e estamos vendo isso acontecer novamente," conclui.

    Por fim, Belluzzo alerta para a forma como a política econômica é tratada de forma desprovida de uma análise mais profunda das relações sociais e de poder. Para ele, o desafio atual é compreender a economia não apenas como um conjunto de números e gráficos, mas como um campo em que as decisões políticas e as relações de classe desempenham papéis cruciais. "Estamos assistindo a uma luta política que está disfarçada de movimento puramente econômico," disse ele, referindo-se à pressão dos mercados sobre o governo Lula. Assista: 

     

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