“O STF é o centro do sistema político e não está afastando o Bolsonaro para salvar a democracia”, diz Rui Costa Pimenta
Rui Costa Pimenta diz que Judiciário e elite tentam retomar controle político e que Lula governa sob tolerância, sem representar a alta burguesia
247 - Em entrevista concedida à TV 247, o presidente do Partido da Causa Operária (PCO), Rui Costa Pimenta, fez duras críticas ao Supremo Tribunal Federal (STF), à elite econômica brasileira e aos setores políticos que, segundo ele, buscam recompor o controle sobre o sistema político após a ascensão de Jair Bolsonaro e a volta de Luiz Inácio Lula da Silva ao Palácio do Planalto. As declarações foram feitas às vésperas do julgamento no STF que pode transformar em réus 34 acusados de tramar um golpe de Estado em 2022, incluindo o ex-presidente Bolsonaro e integrantes de seu núcleo militar e político.
Rui Costa Pimenta afirmou que seu partido se opõe frontalmente ao papel político assumido pelo Supremo: “Discordamos da posição política do STF e de atores políticos, que são apresentados como defensores da democracia. Eles participaram do golpe contra a Dilma e da prisão do Lula. São essas forças que estão tentando voltar a controlar o processo político”.
Segundo ele, os principais setores do capital abandonaram a capacidade de mobilizar o povo e agora recorrem a estruturas institucionais para manter sua hegemonia. “O setor mais rico da burguesia brasileira perdeu a capacidade de mobilizar a população e controlar o processo político. Eles não podem abrir mão da política nacional. O Lula não representa este setor”, avaliou.
O dirigente do PCO apontou que há um esforço da elite para substituir Bolsonaro por uma alternativa mais previsível. “A alta burguesia quer trocar o Bolsonaro pelo Tarcísio, porque Bolsonaro não é fácil de controlar. Ela não controla o Bolsonaro inteiramente”, disse. No entanto, ele destacou que Lula tampouco representa uma solução satisfatória para esse grupo: “Lula é um governo tolerado pela burguesia, mas não controlado”.
Rui também apontou o STF como peça-chave na engrenagem do poder no Brasil atual. “O STF é o centro do sistema político e não está afastando o Bolsonaro para favorecer o Lula nem para salvar a democracia”, declarou. Segundo ele, os veículos de imprensa, alinhados ao capital financeiro, corroboram essa estratégia. “Os jornais, que são porta-vozes do grande capital, não querem a continuidade do Lula”.
No campo partidário, o presidente do PCO observou um movimento de oposição a Lula dentro de legendas que compõem a esquerda ou orbitam em torno dela. “No PDT há um movimento forte contra o Lula e o Ciro está em campanha. Há oposição dentro do Psol e de outros partidos”, disse. Para ele, Lula precisa responder com mais agilidade: “Lula precisa agir rápido para retomar a popularidade”.
Pimenta também avaliou que o Brasil segue sob os efeitos da política econômica implementada após o impeachment de Dilma Rousseff, em 2016. “O Brasil ainda é governado parcialmente pela ponte para o futuro”, afirmou, em referência ao programa de Michel Temer que institucionalizou medidas de austeridade e cortes sociais.
Ao analisar o cenário da direita, o dirigente foi taxativo sobre a aliança entre Bolsonaro e o governador de São Paulo: “Bolsonaro não é bobo e vai ver quem é realmente leal a ele. Tarcísio está fingindo lealdade. Ele está sendo amigo da onça. Tarcísio e Bolsonaro em algum momento vão romper. E a direita ficaria à deriva”.
Por fim, Rui Costa Pimenta declarou que, do ponto de vista eleitoral, a narrativa mais eficaz da extrema-direita será aquela que coloca em dúvida a legitimidade do processo sem Bolsonaro. “A boa linha de campanha política é a de que eleição sem Bolsonaro é fraude”. Assista:
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