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    "Os Estados Unidos abusaram do seu direito de ter a moeda hegemônica", diz Paulo Nogueira Batista Jr

    Paulo Nogueira Batista Jr analisa desdolarização e desafios da geopolítica global

    (Foto: Geraldo Magela/Agência Senado)
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    247 - O economista Paulo Nogueira Batista Jr, ex-diretor do Banco dos BRICS, participou do programa Brasil Agora da TV 247, onde abordou a desdolarização, a liderança brasileira nos BRICS e as tensões geopolíticas entre grandes potências. Durante a entrevista, ele destacou as implicações da política externa dos Estados Unidos, os desafios do G20 e a relevância crescente da relação Brasil-China.

    Desdolarização e críticas ao sistema global

    Nogueira Batista Jr afirmou que o uso excessivo do dólar pelos Estados Unidos como ferramenta de pressão econômica tem acelerado a busca por alternativas. "Os Estados Unidos abusaram do seu direito de ter a moeda hegemônica. Por isso, a desdolarização avança." Ele observou que países como Rússia e Irã estão na vanguarda desse movimento, enquanto a China atua de forma estratégica: "A China faz mais do que fala. Está transacionando cada vez mais em moedas nacionais e acumulando reservas em ouro."

    O economista também destacou que a desdolarização não é apenas uma questão de retórica, mas reflete ações concretas: "Mesmo países que não sofrem sanções diretas, como o Brasil, enfrentam sanções secundárias que dificultam transações com países sancionados pelos Estados Unidos."

    G20 e BRICS: diferentes perspectivas

    Ao comentar sobre o G20, Nogueira Batista Jr questionou a capacidade do grupo de alcançar consensos significativos: "O G20 é um grupo super heterogêneo. Desde 2009, quando começou a ocorrer em nível de líderes, sempre foi difícil produzir resultados práticos." Ele reconheceu a importância do evento como uma plataforma de diálogo e projeção da imagem brasileira, mas alertou para os limites do grupo: "É uma ocasião para tratar grandes temas mundiais, mas não para tomar grandes decisões."

    Sobre os BRICS, o economista considerou o grupo mais propenso a avanços práticos devido à maior homogeneidade de interesses. Ele destacou a liderança brasileira no próximo ano, ressaltando que a relação Brasil-China pode ser mais relevante do que as discussões no G20: "O encontro Brasil-China é mais importante do que o G20. São dois países que querem ampliar sua relação com medidas concretas."

    Equilíbrio entre potências e desafios com Trump

    Nogueira Batista Jr apontou as dificuldades do Brasil em equilibrar suas relações com China e Estados Unidos: "O Brasil está tentando se equilibrar entre China e Estados Unidos, mas isso está se tornando mais difícil. Os Estados Unidos não querem proximidade com a China, mas não oferecem nada de concreto."

    Ele também avaliou os desafios impostos pela vitória de Donald Trump nas eleições norte-americanas. "Trump só respeita a força – e a América Latina não é forte. Isso torna a situação brasileira mais complicada." O economista destacou o aumento das tensões globais e os riscos de interferências externas: "Elon Musk amplia os riscos. As fake news e interferências externas devem aumentar."

    Perspectivas sobre a guerra na Ucrânia

    Nogueira Batista Jr analisou os desdobramentos da guerra na Ucrânia e a possibilidade de um cenário de pacificação: "Trump tem uma oportunidade de ouro de encerrar a guerra na Ucrânia. Isso significa reconhecer que a Rússia venceu a guerra." Ele observou que, embora a situação militar ucraniana seja crítica, as ações norte-americanas podem estar emparedando Trump antes mesmo de assumir o cargo.

    O economista finalizou ressaltando a necessidade de iniciativas multilaterais para evitar uma escalada global: "Estamos próximos da Terceira Guerra e próximos da paz na Ucrânia. Um diálogo entre líderes globais pode evitar um desastre."

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