“Precisamos reformar o PT, é hora de repensar o partido de forma estrutural”, diz José Genoino
Ex-presidente do PT defende ampla reformulação no partido e alerta para os novos desafios enfrentados pela esquerda brasileira
247 - Em entrevista ao programa "Conversa de Política", transmitido pela TV 247, o ex-presidente do Partido dos Trabalhadores (PT), José Genoino, afirmou que o partido precisa passar por uma profunda reestruturação para se adaptar aos novos desafios da política brasileira. Em sua análise, Genoino apontou que, após o primeiro turno das eleições de 2024, ficou evidente a necessidade de repensar o PT: “Precisamos reformar o PT, é hora de repensar o partido de forma estrutural”
A necessidade de um debate interno
Para Genoino, a direção do PT deve convocar a militância e as lideranças para um debate franco e aberto sobre o futuro do partido, enfatizando que as eleições de 2024 foram uma oportunidade de aprendizado. Ele sugeriu a realização de plenárias, seminários e reuniões com as bases, destacando que é essencial ouvir a militância que esteve presente nas campanhas eleitorais. “Temos que dialogar com quem está na linha de frente, com quem veste a camisa do partido e se mobiliza. A reestruturação não pode ser feita de cima para baixo; ela precisa ser construída coletivamente”, defendeu.
Crítica à estrutura verticalizada do PT
Genoino criticou a atual estrutura organizacional do PT, que, segundo ele, se tornou excessivamente verticalizada e centralizada em decisões das cúpulas estaduais e nacionais. O ex-presidente propõe uma mudança para um modelo mais horizontal, em que as bases tenham mais voz e as ações sejam articuladas diretamente com as comunidades e territórios locais. “O PT precisa voltar às suas origens, dialogar diretamente com os territórios e construir um programa que reflita as demandas das bases. Não podemos mais nos acomodar em uma estrutura que não conversa com as realidades locais”, afirmou.
Enfrentando a crise do sistema e as alianças estratégicas
Durante a entrevista, Genoino abordou a crise estrutural do sistema capitalista e os desafios que isso impõe à esquerda no Brasil e no mundo. Ele defendeu que o PT, como partido de esquerda, deve ter um projeto claro para enfrentar essa crise e apresentar alternativas concretas à população. Segundo ele, é necessário resgatar um programa de transformação social que vá além das alianças amplas e conciliatórias. “O PT precisa ser a voz da mudança. Não podemos apenas administrar o sistema; temos que apresentar uma alternativa de país que seja viável e inspiradora para as pessoas”, declarou.
Genoino também criticou alianças que o PT fez com setores mais conservadores, sugerindo que as coligações deveriam se concentrar mais no campo da esquerda. “As alianças que realmente funcionaram foram as com partidos progressistas, como PSOL e PCdoB. Precisamos construir uma frente de esquerda forte, dentro e fora do governo, para garantir avanços reais”, pontuou.
Renovação das lideranças e da militância
Genoino destacou ainda a importância de renovar as lideranças internas e promover uma maior participação dos jovens e da nova militância. Para ele, as eleições de 2024 trouxeram sinais positivos, como o aumento de vereadores e prefeitos eleitos pelo partido, mas ainda há um longo caminho a percorrer para fortalecer a representação política em todo o país. “Nós tivemos avanços, mas precisamos de mais lideranças emergentes, especialmente jovens que representem as novas demandas da sociedade. É preciso trabalhar para construir essa renovação”, disse.
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