"Terrorismo bolsonarista provocou o atentado mais grave da história do Brasil", diz João Cezar de Castro Rocha
Professor da UERJ afirmou que o país presenciou um golpe de estado simbólico em 8 de janeiro e avaliou que o episódio foi mais grave do que a invasão ao Capitólio dos EUA em 2021
247 - Em entrevista à TV 247, o professor da UERJ João Cezar de Castro Rocha, um dos maiores estudiosos da retórica fascista no Brasil, analisou o peso simbólico dos atentados terroristas bolsonaristas que se desenvolveram no país desde dezembro e culminaram no 8 de janeiro, afirmando que se trataram de alguns dos episódios mais graves da história brasileira.
Rocha destacou, entre outros casos, o episódio de 24 de dezembro de 2022: “o terrorista George Washington é preso porque havia colocado uma bomba de alta intensidade em um caminhão de combustível para explodir no aeroporto de Brasília. É o Riocentro do século XXI. Seria o maior atentado terrorista da história do Brasil e um dos maiores da história do mundo”.
O especialista, então, prosseguiu para o marcante caso de 8 de janeiro, afirmando que, simbolicamente, houve um golpe de estado bem-sucedido no Brasil por algumas horas naquele dia: “nós esquecemos que simbolicamente, durante algumas horas, o golpe triunfou. Do ponto de vista simbólico, durante um par de horas, longas horas, o golpe triunfou, porque os militantes bolsonaristas que principiaram na Guerra Cultural, que tornaram a Guerra Cultural uma forma de vida como seita religiosa, agora ultrapassaram o último grau possível, tornaram-se terroristas domésticos, invadiram a sede dos Três Poderes e depredaram sobretudo o Judiciário; simbolicamente, eles executaram o ministro Alexandre de Moraes, porque retiraram sua cadeira e rasgaram sua toga”.
“É muito mais grave do que o caso estadunidense, porque no 6 de janeiro [de 2021, em Washington DC] foi apenas no legislativo, o Capitólio. E não se deve confundir: por lá, o Donald Trump ainda estava no poder, onde ele ficaria até o fim do mês. O 6 de janeiro dos EUA equivale no Brasil ao 12 de dezembro [dia da diplomação de Lula e Alckmin], porque o 6 de janeiro por lá é a diplomação dos membros do colégio eleitoral, o que na prática referendava a vitória de Joe Biden. O 8 de janeiro no Brasil, por sua vez, é o que há de mais grave nos atentados da extrema direita no século XXI, porque o governo eleito já tinha uma semana no exercício do poder”, concluiu.
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