“Vitória no México é positiva, significa um horizonte de progresso desse novo ciclo da esquerda na América Latina”, diz Pomar
Valter Pomar destaca desafios e oportunidades da nova presidenta do México, Claudia Sheinbaum, além da importância geopolítica da vitória para a esquerda na América Latina
247 - Em entrevista ao programa Contramola, da TV 247, o historiador e dirigente político Valter Pomar analisou a recente eleição da ex-prefeita da Cidade do México, Claudia Sheinbaum, que obteve 58% dos votos, sucedendo Andrés Manuel López Obrador (AMLO) na presidência do México. Sheinbaum, do partido Morena, dará continuidade ao movimento 'Cuarta Transformación', iniciado por AMLO, cujo mandato terminou com uma aprovação de 80%, segundo a Gallup.
Pomar destacou a importância dessa vitória para a revisão do Acordo de Livre Comércio da América do Norte (NAFTA). "Claudia Sheinbaum vai ter oportunidade de revisar o NAFTA", afirmou. Ele explicou que "daqui a 2 anos, em 2026, vai ocorrer a revisão do tratado entre México, Estados Unidos e Canadá, aquele famoso Nafta - North American Free Trade Agreement - que foi firmado no mesmo ano que explodiu a revolta zapatista e que amarrou a economia mexicana à economia dos Estados Unidos, de uma maneira destrutiva para a economia mexicana. Não é por nada que depois do Nafta veio o narcotráfico, o crime organizado e tudo mais."
Pomar enfatizou que a presidente eleita enfrentará desafios significativos. "Esse acordo foi refeito em 2020, vai ser de novo reavaliado em 2026, portanto a presidenta Cláudia vai enfrentar um momento importante que é a possibilidade de revisar este acordo, o que não é fácil porque a maior parte, digamos assim, da vida econômica do México está colada à vida econômica dos Estados Unidos e ganhe Biden ou ganhe Trump, a postura dos Estados Unidos em relação ao México segue sendo muito ruim. Outro grande problema que o governo da Cláudia vai enfrentar que está vinculado a esse, é o problema da Segurança Pública."
Pomar ainda ressaltou a relevância geopolítica dessa vitória para a América Latina, especialmente considerando o cenário político atual. "Do ponto de vista geopolítico é muito importante porque a gente vive uma situação hoje pior do que aquela que a gente vivia no período anterior, de governos progressistas e de esquerda", analisou. Ele mencionou que vários países da região que eram governados pela esquerda, como Argentina, Uruguai, Paraguai, Equador e El Salvador, agora são governados pela direita, e destacou as dificuldades enfrentadas por governos de esquerda na Venezuela, Nicarágua e Cuba.
Nesse contexto, a manutenção do México sob um governo de esquerda é vista como um sinal positivo. "Quais são as duas grandes novidades: Colômbia e México, ou seja, o fato da gente ter mantido México é muito positivo porque significa um horizonte de vitória, de continuidade, de progresso, de permanência, desse novo ciclo e que a esquerda está tentando estabelecer aqui na América Latina", concluiu Pomar.
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