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    Adriano "Imperador" escreve carta sobre sua vida nas favelas. Confira alguns trechos

    O ex-jogador também mencionou a sua relação com bebidas alcoólicas

    Adriano Imperador (Foto: Divulgação)

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    247 - O ex-jogador Adriano Leite Ribeiro escreveu uma carta publicada no The Players' Tribune sobre sua vida atual na favela Vila Cruzeiro, uma área populosa e perigosa localizada na zona norte do Rio de Janeiro. No texto, intitulado pelo ex-atacante da seleção brasileira “Uma carta para minha Favela”, Adriano fala sobre a relação com o álcool. Os trechos da carta foram publicados na Agência RT.

    "Eu não uso drogas, como tentam mostrar. Não estou envolvido com o crime, mas eu poderia ter me envolvido. Não gosto de sair para festas. Sempre vou ao mesmo lugar do meu bairro, o quiosque do Naná. Se quiser me conhecer, passe por lá. Eu bebo a cada 2 dias, sim. (E nos outros dias também.) Como chega uma pessoa como eu a ponto de beber quase todos os dias? Não gosto de dar explicações aos outros. Mas aqui vai uma. Eu bebo porque não é fácil ser uma promessa que continua em dívida. E na minha idade, as coisas só pioram".

    Na Seleção Brasileira, Adriano jogou a Copa do Mundo de 2006. Foi campeão da Copa América 2004 e da Copa das Confederações 2005. O Flamengo revelou o jogador em 2000. No clube carioca fez mais de 90 jogos e marcou 45 gols. Venceu o Campeonato Brasileiro de 2009, dois Cariocas (2000 e 2001) e uma Copa dos Campeões (2001).

    Um ano após começar no Flamengo, Adriano foi para a Inter de Milão, da Itália, onde atuou pela Fiorentina e pelo Parma. Depois voltou para a Inter e brilhou como um dos maiores atacantes do mundo, ganhando o apelido de “Imperador”. Na Inter ele fez mais de 70 gols em 177 jogos. Foi tetracampeão italiano de forma consecutiva entre 2006 e 2009, e bicampeão da Copa da Itália.

    O ex-jogador falou sobre a Vila Cruzeiro. "Aqui eu ando descalço e sem camiseta, só com bermuda. Jogo dominó, me sento na calçada, relembro minhas histórias de infância, escuto música, danço com meus amigos e durmo no chão. Vejo meu pai em cada um desses becos. O que mais eu quero? [...] Eu só quero estar em paz e lembrar da minha essência. Por isso continuo voltando aqui. Aqui sou verdadeiramente respeitado. Aqui está a minha história. Aqui aprendi o que é a comunidade. Vila Cruzeiro não é o melhor lugar do mundo. Vila Cruzeiro é o meu lugar".

    Morte de seu pai

    Um dos capítulos mais traumáticos da vida de Adriano foi a morte de Mirinho, seu pai, em 2004. "A morte do meu pai mudou minha vida para sempre. Até hoje, é um problema que eu ainda não consegui resolver. Toda a merda começou aqui, na comunidade que tanto me importa [...] Maldição, meu pai foi baleado na cabeça em uma festa em Cruzeiro. Uma bala perdida"."Ele não teve nada a ver com o desastre. A bala entrou pela testa e se alojou na nuca. Os médicos não conseguiram retirá-la. Depois disso, a vida da minha família nunca mais foi a mesma. Meu pai começou a ter convulsões frequentes. Já viu alguém sofrendo uma convulsão epiléptica na sua frente? Você não quer ver, irmão. Dá medo. Eu tinha 10 anos quando atiraram no meu pai. Cresci vivendo com as crises dele. Mirinho nunca mais pôde trabalhar. A responsabilidade de sustentar a casa passou completamente para minha mãe", recordou Adriano.

    "Eu precisava de liberdade"

    Adriano também contou o momento em que decidiu fugir da Itália e se refugiar na favela. "Quando 'fugi' do Inter e saí da Itália, vim me esconder aqui. Percorri todo o complexo por três dias. Ninguém me encontrou. Não tem como. Regra número um da favela: mantenha a boca fechada. Você acha que alguém iria me entregar? Aqui não tem traíras, irmão. A imprensa italiana ficou louca. A polícia do Rio até fez uma operação para me 'resgatar'. Disseram que eu tinha sido sequestrado. Você está brincando, né? Imagina alguém querer me fazer mal aqui… a mim, um garoto da favela", acrescentou o ex-futebolista.

    "Eu precisava de liberdade. Eu não aguentava mais, ter que estar sempre atento às câmeras toda vez que saía na Itália, a quem quer que cruzasse meu caminho, seja um jornalista, um golpista, um vigarista ou qualquer outro filho da mãe. Na minha comunidade, não tem isso. Quando estou aqui, ninguém de fora sabe o que estou fazendo. Não era por causa da bebida, nem por causa das mulheres, muito menos pelas drogas. Era pela liberdade. Era porque eu queria paz. Queria viver. Queria ser humano de novo. Só um pouquinho. Essa é a maldita verdade. E o que tem de errado com isso?".

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