Atletas mães veem “mudança cultural” na Olimpíada de Paris
Torcedores em Paris aprovaram a presença de mães competindo em alto nível
PARIS (Reuters) – Embora a maternidade já tenha sido vista como incompatível com uma carreira no esporte de alto rendimento, mães que também são atletas olímpicas têm mostrado que os velhos estereótipos estão se enfraquecendo, no judô à esgrima, passando pelo basquete e por outras modalidades.
Com a mudança dos ventos para quem viaja para a Olimpíada com crianças, a ex-velocista norte-americana Allyson Felix fez uma parceria com a marca Pampers para estabelecer a primeira creche para filhos de atletas.
Felix, maior medalhista do atletismo na história dos Jogos Olímpicos, com 11 pódios, disse à Reuters que as instalações podem nivelar as chances entre os atletas com muitos recursos à disposição e aqueles sem acesso a tal condição.
“Estamos falando sobre (atletas de) países que podem ser muito pequenos e sem recursos. Sabemos o quão caro é”, disse Felix, que retomou sua carreira competitiva após virar mãe pela primeira vez, em 2018.
Ela afirmou que houve avanços desde que ela revelou, há cinco anos, que romperia com a patrocinadora Nike depois de a empresa ter cortado o seu pagamento quando ela engravidou.
“Houve uma mudança cultural”, afirmou ela. A creche reflete a crescente necessidade de recursos para os Jogos, com atletas desafiando os velhos estereótipos sobre mães esportistas.
Isso está muito evidente na cidade de Lille, onde a jogadora de basquete norte-americana Breanna Stewart afirmou que havia mais crianças do que nunca na sua delegação: “Falando em nome das mães, especialmente aquelas que estão aqui na Olimpíada, queremos ser grandes em ambas as funções”, disse Stewart, que disputa sua terceira edição dos Jogos. “Só queremos continuar mudando os padrões, mudando a narrativa.”
A filha da jogadora, Ruby, nasceu por meio de barriga de aluguel, menos de 48 horas após o time dos EUA ganhar o ouro nos Jogos de Tóquio. A atleta e sua esposa, a ex-jogadora espanhola Marta Xargay, tiveram mais um filho, Theo, no ano passado.
Torcedores em Paris aprovaram a presença de mães competindo em alto nível: “As carreiras não precisam acabar quando você tem um bebê, e isso é lindo”, afirmou a francesa Auriane Sanchez, de 21 anos, que assistiu à compatriota Clarisse Agbegnenou conquistar o bronze no judô, na terça-feira.
A judoca, que deu à luz sua filha em 2022, liderou uma campanha para que o Comitê Olímpico Francês providenciasse quartos de hotel para atletas que estejam amamentando.
“É incrível voltar assim depois da gravidez. Uma pequena menina que eu ainda estou amamentando. É doido. Posso ficar orgulhosa de mim mesma. Colocarei a medalha no pescoço da minha filha”, disse.
A judoca brasileira Natasha Ferreira, que adotou seu filho há sete anos, quando tinha 18, afirmou ter aprovado a ajuda que recebeu em Paris.
“Os atletas já precisam ser muito disciplinados e, quando você tem um filho, você tem que ser ainda mais disciplinada para poder ter tempo de qualidade”, disse. “Foi muito bom ter meu filho comigo na Olimpíada.”
(Reportagem de Amy Tennery e Sophie Penney em Paris, reportagem adicional de Lori Ewing e Miguel Pereira)
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