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    Não há dúvida que boxeadoras envolvidas em polêmica sobre gênero são mulheres, diz presidente do COI

    De acordo com o COI, a decisão da AIB de desqualificá-las ano passado foi arbitrária e foi o principal motivo do furor que dominou as redes sociais

    Pugilistas Imane Khelif, da Argélia, e Angela Carini, da Itália, após combate na Olimpíada de Paris (Foto: REUTERS/Isabel Infantes)

    PARIS (Reuters) - A boxeadora argelina Imane Khelif e a duas vezes campeã do mundo Lin Yu-ting, de Taiwan, são mulheres e têm todo o direito de competir na Olimpíada de Paris, apesar da polêmica sobre gênero que ofuscou a competição, disse o presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), Thomas Bach, neste sábado.

    As duas foram autorizadas a competir em Paris apesar de terem sido desqualificadas do campeonato mundial em 2023 depois de não terem passado pelas regras de eligibilidade da Associação Internacional do Boxe que impede que atletas com os cromossomos masculinos XY participem de eventos femininos.

    O COI retirou, no ano passado, da AIB o seu status de organização responsável pelo boxe por conta de problemas de governança e assumiu o controle da competição de boxe em Paris 2024.

    "Estamos falando de boxe feminino. Temos duas boxeadoras que nasceram como mulheres, foram criadas como mulheres, que têm passaporte de mulheres e que competiram como mulheres por vários anos -- isso é uma definição muito clara do que é ser uma mulher", disse Bach em coletiva de imprensa. "Não há nenhuma dúvida sobre elas serem mulheres."

    De acordo com o COI, a decisão da AIB de desqualificá-las ano passado foi arbitrária e foi o principal motivo do furor que dominou as redes sociais, tendo vozes como J. K. Rowling e Elon Musk se opondo a elas participarem dos Jogos.

    Khelif eliminou a italiana Angela Carini na categoria peso-médio na quinta-feira quando a italiana abandonou a luta depois de 46 segundos, com o desempenho dominante da argelina alimentando o debate. A AIB prometeu, na sexta-feira, pagar à atleta derrotada um prêmio de 50 mil dólares.

    "CAMPANHA DE DIFAMAÇÃO" - Bach disse que a posição da AIB era parte de uma campanha de difamação. A AIB não respondeu imediatamente ao pedido de comentário.

    "O que vemos sendo produzido pela Rússia e, em particular, pela federação internacional que tivemos que tirar a autorização, é que eles estão realizando uma campanha difamatória contra a França, contra os Jogos, contra o COI", disse Bach. "Eles fizeram diversos comentários que eu não quero repetir", acrescentou.

    O presidente da AIB, Umar Kremlev, um empresário russo, publicou diversas vezes comentários polêmicos nas redes sociais contra Bach e o COI, reclamando da decisão de deixar as atletas a competir nos Jogos. "Quero pedir para todos respeitarem essas mulheres, respeitá-las como mulheres e seres humanos”, disse Bach.

    O pai de Khelif disse à Reuters que tem orgulho da sua filha e que torce para ela ganhar uma medalha para a Argélia.

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