1º de abril: entenda a origem do "dia da mentira"
Origem da data remete à Europa do século XVI e foi incorporada com tom bem-humorado pela cultura brasileira ao longo dos séculos
247 - No Brasil e em diversos países do mundo, o dia 1º de abril ficou conhecido como o “dia da mentira”, uma tradição popular que estimula brincadeiras e pequenas enganações, geralmente inofensivas, entre amigos e familiares. Mas, afinal, de onde vem essa prática e por que ela é celebrada justamente no início do mês de abril?
A explicação mais difundida remonta ao século XVI, na França. Até então, o Ano Novo era comemorado entre o final de março e o início de abril, seguindo o calendário juliano. No entanto, em 1564, o rei Carlos IX decidiu adotar o calendário gregoriano, instituindo o dia 1º de janeiro como a nova data de início do ano. A mudança não foi imediatamente aceita por toda a população. Muitos continuaram a celebrar o Ano Novo em abril, por hábito ou resistência à nova norma.
Essas pessoas passaram, então, a ser alvo de zombarias. Os demais franceses passaram a enviar convites para festas inexistentes ou a pregar peças para ridicularizar os que ainda mantinham o “velho ano novo”. A essas brincadeiras, deu-se o nome de “poisson d’avril” (peixe de abril), uma expressão que permanece até hoje na França como símbolo da data.
A tradição atravessou fronteiras e foi ganhando características próprias em diferentes culturas. Na Inglaterra, o “April Fools’ Day” tornou-se popular durante o século XVIII. Já no Brasil, a prática foi incorporada no século XIX, inicialmente de forma discreta e restrita a círculos letrados e jornais.
Um dos marcos nacionais da difusão do “dia da mentira” foi o jornal mineiro A Mentira, que circulou pela primeira vez em 1º de abril de 1828. A principal manchete da edição inaugural noticiava, de forma irônica, a morte de Dom Pedro I — o que não era verdade. No dia seguinte, o próprio jornal se retratou, afirmando que tudo não passava de uma brincadeira.
Desde então, a data foi se consolidando na cultura popular brasileira, muitas vezes servindo de pretexto para trotes bem-humorados e até mesmo críticas sociais mascaradas por ironia. Na era digital, o “dia da mentira” ganhou ainda mais visibilidade com a propagação de notícias falsas propositalmente engraçadas nas redes sociais e portais de internet.
No entanto, em tempos de desinformação e fake news, é preciso estar atento aos limites da brincadeira. O que antes era uma forma leve de entretenimento, pode facilmente ser confundido com conteúdo malicioso, caso não fique claro que se trata de uma piada.
Mesmo assim, o 1º de abril continua sendo, para muitos brasileiros, uma data marcada pelo bom humor e pela criatividade — uma herança cultural que sobrevive há séculos e que segue se adaptando aos novos tempos.
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