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“A Bíblia não condena a homossexualidade”, dizem pastor homossexual e Drag Queen evangélica

Marcos Gladstone, um dos fundadores da Igreja Cristã Contemporânea, prega um evangelho inclusivo para os LGBT’s. “O que a Bíblia condena é a promiscuidade”, diz ele. Já a influenciadora digital Sophia Barclay critica a Igreja Universal: “Foram preconceituosos e violentos comigo”. Assista na TV 247

Pastor Marcos Gladstone e a Digital Influencer Sophia Barclay

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247 - Por conta do preconceito sofrido pelos homossexuais dentro das congregações cristãs tradicionais, o advogado e pastor Marcos Gladstone fundou, com o seu companheiro, Fábio Inácio, a Igreja Cristã Contemporânea, cujo lema é "levar o amor de Deus a todos, sem preconceitos". Em participação no programa “Um tom de resistência”, na TV 247, Gladstone, que é pastor da ICC, explicou a sua visão sobre o conceito de homossexualidade proibido pela Bíblia.

“O cristianismo é a religião da palavra escrita. Porém, o problema não é o conteúdo da Bíblia. O maior problema é a interpretação deste conteúdo. Muitas traduções foram feitas de forma tendenciosa, para incluir a comunidade LGBTQI+ em termos de condenação. Até a idade média, a palavra ‘sodomita’, por exemplo, não se referia aos homossexuais, e sim, àquele que não repartia o pão e não era solidário com o seu irmão”, observa o pastor.

Indagado sobre como faz a leitura desses trechos condenatórios para os seus fiéis, ele explica que houve uma certa manipulação na interpretação de alguns textos. “A Bíblia nunca condenou a homossexualidade e nem a relação entre duas pessoas do mesmo sexo, se a relação é de amor. O que a Bíblia condenou foi o sistema de promiscuidade que havia em Roma, onde não havia afeto e amor nessas relações, mas sim, o sexo pelo sexo com qualquer pessoa e de qualquer forma”.

Na opinião de Sophia Barclay, que é Drag Queen e influenciadora digital, “Deus nos manda amar ao próximo, por isso eu não consigo entender como uma pessoa que se diz cristã tem a capacidade de apontar o dedo e condenar o outro. Se eu falar para vocês que não acredito muito na Bíblia sagrada, vocês vão ficar chocados comigo? Eu acredito naquilo que eu sinto.”

A influenciadora, que já frequentou denominações evangélicas como a Congregação Cristã do Brasil e a Igreja Universal do Reino de Deus, entende que as Igrejas deveriam acolher e não condenar os homossexuais. Ela desabafa dizendo que “muitos acreditam, equivocadamente, que ser homossexual é uma escolha. Mas não escolhemos nascer assim. Nós sofremos preconceito em todos os lugares. Dentro de uma igreja, no supermercado, na escola, na família e, em todo canto que a gente esteja, estamos sendo vítimas de alguma piadinha e tem pessoas cochichando a nosso respeito. Em questão de religião, o que vale é a fé. E a palavra de Deus diz ‘Venha como estás’. Então, independentemente de sua aparência e sexualidade, Deus ama a todos que se entregam a ele de coração”.

Marcos Gladstone entende que uma igreja inclusiva e voltada especificamente para o público LGBTQI+ poupa os homossexuais de vivenciarem essas situações de preconceito nas igrejas tradicionais. “A ICC surgiu a partir de uma necessidade pessoal minha, já que a igreja evangélica que eu frequentava não conseguia me dar as respostas que eu precisava quanto à minha sexualidade. Sempre que se falava em homossexualidade, a resposta era ‘vão para o inferno’, o que me fez ver que, ser um LGBT cristão dentro daquele conceito era impossível. Se eu não sou bem-vindo em um determinado lugar, por que continuar frequentando esse ambiente?”, questiona. Sophia Barclay, apesar de discordar da criação de uma Igreja apenas para homossexuais, relatou uma situação de preconceito que sofreu quando frequentava a Igreja Universal.

Ela contou: “desde 2015 frequentava a Igreja Universal e sempre deixei claro que era homossexual. Antes havia frequentado a Congregação Cristã do Brasil, uma igreja muito rígida. No final do ano passado, durante um culto na Universal, eu e meu amigo, também homossexual, fomos impedidos de usar o banheiro da igreja. Os seguranças debocharam da nossa orientação homossexual e começaram a me chamar de ‘senhora’ em tom irônico, alegando que nós não éramos membros e, portanto, não poderíamos usar o banheiro. Eu disse que era membro e deveria ser tratada como todos os outros. Durante todo o culto, sofri assédios por parte dos obreiros. Alguns até me deram ‘cantadas’ dentro da igreja. E eu queria registrar aqui que os seguranças de lá trabalham armados e eu já presenciei eles apontando uma arma para um morador de rua, que apenas foi pedir um copo de água na igreja”.

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