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    Para Amorim, amplo interesse na reunião do BRICS é sinal de “afirmação global” do bloco

    Durante a cúpula, serão analisados os pedidos de países para estabelecer parcerias e compor oficialmente o grupo composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul

    O assessor especial de Lula, Celso Amorim - 5/12/2022 (Foto: REUTERS/Adriano Machado)

    Secom/Governo Federal -  A reunião do BRICS na África do Sul consolida o bloco como uma nova força no mundo e é retrato de relações geopolíticas internacionais mais complexas. A percepção é do assessor especial para assuntos internacionais da Presidência da República, Celso Amorim. Ele concedeu uma rápida entrevista à imprensa antes do primeiro encontro oficial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em Joanesburgo nesta terça (22/8), uma reunião com lideranças do Congresso Nacional Africano (ANC), partido do presidente sul-africano Cyril Ramaphosa.

    Para Amorim, o grande interesse manifestado por outros países de se aproximar do bloco do BRICS, seja como parceiros informais ou como membros plenos, é um sinal de uma afirmação global.

    “Eu acho que essa reunião deixa muito claro isso. Todo esse interesse que existe de expansão, de países que desejam ser parceiros ou membros plenos do BRICS, demonstra que (o BRICS) é uma nova força no mundo, que o mundo não pode mais ser visto como ditado pelo G7”, afirmou Amorim.

    A 15ª Cúpula dos Chefes de Estado do BRICS é a primeira presencial desde o início da pandemia de Covid-19 em 2020. Foram convidados, além dos chefes de Estado e governo do BRICS, líderes de mais de 40 países, especialmente africanos, mas também da América Latina e Caribe, da Ásia e do Leste Europeu.

    Durante a cúpula, serão analisados os pedidos de dezenas de países para estabelecer parcerias e compor oficialmente o grupo. Qualquer entrada, no entanto, depende de um consenso dos cinco membros atuais.

    Na opinião de Amorim, a projeção do evento indica também que as relações internacionais têm espaço para múltiplos protagonistas e para transcender uma certa polarização entre Estados Unidos e China. Para ele, o bloco dos BRICS tem potencial para traduzir parte disso. “É uma afirmação global. Acima de tudo, essa reunião do BRICS, com esse grande interesse, um enorme número de países em desenvolvimento, demonstra que o mundo é mais complexo”, avaliou o assessor especial.

    HISTÓRIA — O BRICS é uma parceria entre cinco das maiores economias emergentes do mundo: Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. No total, o grupo representa mais de 42% da população mundial, 30% do território do planeta, 23% do PIB global e 18% do comércio internacional.

    O grupo, que não incluía a África do Sul e era chamado apenas de BRIC (termo criado por um analista da Goldman Sachs em artigo sobre economias emergentes em 2001), se reuniu formalmente pela primeira vez às margens da Assembleia Geral da ONU de 2006, em Nova York.

    A primeira cúpula do BRIC aconteceu em 2009, na cidade de Ecaterinburgo, na Rússia. Dois anos mais tarde, durante a terceira cúpula, em Sanya (China), a África do Sul passou a fazer parte do bloco.

    O diálogo entre os países se dá em três pilares principais: cooperação em política e segurança, cooperação financeira e econômica, e cooperação cultural e pessoal. Cerca de 150 reuniões são realizadas anualmente em torno desses pilares.

    O principal objetivo do bloco é alterar, por meio da cooperação, o sistema de governança global, com uma reforma de mecanismos como o Conselho de Segurança da ONU, além de introduzir alternativas a instituições como o FMI e o BID para o fomento às economias emergentes, como é o caso do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB, na sigla em inglês).

    EM NÚMEROS — Fazem parte do grupo os dois países mais populosos do mundo, Índia e China, cada um com 1,4 bilhão de habitantes – o Brasil está em sétimo na lista, com 203 milhões, a Rússia em nono, com 143 milhões, e a África do Sul em 25º, com 59 milhões. No total, o BRICS tem uma população de cerca de 3,2 bilhões de pessoas.

    Em termos de dimensões territoriais, no grupo estão o maior país do mundo (Rússia, com 17,1 milhões de km²), o terceiro maior (China, 9,6 milhões de km²), o quinto (Brasil, com 8,5 milhões de km²) e o sétimo (Índia, 3,2 milhões de km²). A África do Sul é o 24º na lista, com 1,2 milhão de km².

    Em conjunto, os países do BRICS têm um PIB de US$ 24,7 trilhões. Segundo estimativas do Banco Mundial, o PIB da China chegou a US$ 17,7 trilhões em 2022, o segundo maior do mundo. A Índia ficou em sexto, com US$ 3,17 trilhões, seguida pela Rússia em 11º (US$ 1,7 trilhão), pelo Brasil em 12º (US$ 1,6 trilhão) e pela África do Sul em 32º (US$ 419 bilhões).

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