“Pessoas com deficiência sempre foram segregadas e invisibilizadas dentro da sociedade”, dizem especialistas
À TV 247, a professora e ativista Cátia Brito e a especialista em inteligência emocional Simone Urbano disseram que o capacitismo faz parte de um processo histórico, social e político que normatiza o preconceito e a exclusão de pessoas com deficiência física. Assista
247 - O programa “Um Tom de resistência” desta semana, na TV 247, abordou o tema capacitismo e discutiu a pré-concepção estabelecida sobre as capacidades que uma pessoa tem ou não, devido a uma deficiência que possui. “O termo ‘capacitismo’ é relativamente novo, mas toda pessoa com deficiência já passou por uma situação de preconceito e de discriminação. Existe todo um contexto histórico, social e político que as pessoas com deficiência estão envolvidas. O capacitismo tem várias vertentes que mantém invisibilizadas as pessoas com deficiência e precisamos encarar esse desafio para tentar desenvolver o nosso potencial e exercer o nosso direito de cidadania”, explicou Cátia Brito, que é fisioterapeuta e mestranda em educação científica.
Para a palestrante Simone Urbano “o capacitismo é um problema estrutural e histórico. É preciso desconstruir esses conceitos que se tornaram crenças, e crenças são paradigmas que foram estabelecidos desde que o mundo é mundo. É importante trazermos esse tema à tona e fazermos o que estamos fazendo aqui. Debatendo a questão. Se cada um fizer a sua parte, a sociedade civil, as empresas, o governo, a coisa pode deslanchar e conseguiremos destruir esse conceito de fora do comum e imperfeito, sob o qual pessoas com deficiência são classificadas. Eu sou uma pessoa com uma síndrome genética e a própria ciência ainda nos enxerga como imperfeitos. Precisamos mudar essa visão”, disse.
Outra questão abordada no programa foi a tradição ainda cultivada por algumas etnias indígenas do Brasil, que sacrificam recém-nascidos que nascem com alguma deficiência física, acreditando que a deficiência é uma maldição imposta sobre eles. “Eu já tinha conhecimento dessa prática e acho um absurdo e uma atrocidade. É complexo, por se tratar de uma crença espiritual dos indígenas. Talvez, o governo pudesse intervir nessa situação, promovendo políticas públicas que conscientizassem os indígenas de que é possível que uma criança com deficiência possa se desenvolver e conviver em sociedade”, disse Simone Urbano.
Cátia Brito compartilha da mesma opinião. Para ela o caminho é o diálogo. “Temos um fundamento jurídico para evitar isso, que é o tratado dos direitos humanos. A própria convenção dos direitos das pessoas com deficiência, que foi um tratado internacional assinado por vários países. Então, isso não é uma questão apenas do Brasil, mas uma questão signatária de vários países que se comprometeram a proteger a vida das pessoas com deficiência. É preciso levar aos indígenas esse conhecimento acerca da defesa dos direitos humanos. E apesar de suas crenças serem uma questão para além do que nós pensamos, o fundamento legal é importante para estabelecer esse diálogo”, explicou.
A criação de políticas públicas para combater o capacitismo, como se defender de práticas capacitistas no mercado de trabalho e o uso de expressões capacitistas normalizadas no nosso dia a dia também foram abordadas na pauta do debate.
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