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    A hegemonia unipolar é uma aberração histórica, diz Caitlin Johnstone

    Indiscutivelmente, os EUA são o regime mais tirânico da Terra, diz a jornalista

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    Artigo de Caitlin Johnstone originalmente publicado no site da autora em 25/8/23. Traduzido e adaptado por Rubens Turkienicz com exclusividade para o Brasil 247

    Indiscutivelmente, os EUA são o regime mais tirânico da Terra. Somente os EUA estão instigando guerras em todo o mundo, cercando o planeta com centenas de bases militares no exterior, causando a fome de populações com massivas sanções e bloqueios unilaterais, e trabalhando para destruir qualquer nação que os desobedeça. Nenhum outro governo passou o século XXI matando milhões de pessoas em guerras de agressão; apenas os EUA o fizeram – tentando continuamente destruir qualquer um no mundo que não obedeça aos seus ditames é tão tirânico quanto o é.

    Se você assinalar isso, haverá pessoas que lhe dirão que, não fossem os EUA a fazer essas coisas, seria algum outro - mas isso é ridículo. Jamais existiu alguma vez um hegemon planetário unipolar em qualquer época na história humana até há três décadas. As pessoas olham para essa aberração histórica doida e falam sobre ela como se fosse uma qualidade imutável inscrita solidamente nas sequências do DNA humano.

    Uma única estrutura de poder que domina o planeta é a exceção, não a regra. Um mundo multipolar é a norma, da mesma maneira que um corpo livre de câncer é a norma; você só assumiria que o câncer fosse a norma se você tivesse visto um único corpo humano e este fosse o de um paciente de câncer. Isso não significa que uma futura ordem mundial multipolar seria perfeita ou sem problemas; isso apenas significa a expectativa de que o hegemon unipolar EUA será substituído por outro, baseada em absolutamente nada e refutada por todos os precedentes históricos. E, como um bônus adicional, não seremos mais encurralados nesta situação horrível na qual um império planetário está continuamente tentando escorar nações desobedientes, como a Rússia e a China, enquanto brandem armas do apocalipse com crescente agressão.

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    - “O povo chinês vive numa distopia louca e atrasada de controle mental, na qual o pensamento dissidente é esmagado e todos sofrem a lavagem cerebral da propaganda”. - “Ah, é? Como é que você sabe disso?” - “Qual é cara, isso está nas notícias todos os dias, o dia inteiro” As pessoas me dizem, “Se você vivesse na Rússia ou na China, você seria jogado na prisão por falar da maneira como fala”.

    Se eu vivesse na Rússia ou na China, ainda estaria direcionando toda a minha energia para criticar o império estadunidense, pois ele seria o regime mais poderoso e destrutivo do mundo, não importa onde eu vivesse.

    O debate correto a ser realizado não é se Putin estava certo ou errado em invadir a Ucrânia em resposta às provocações ocidentais em suas fronteiras; o debate correto é se Putin fez algo que os EUA não teriam feito em resposta ao mesmo tipo de provocações em suas próprias fronteiras.

    Argumentar se a invasão russa foi "má" é uma conversa infantil para mentes limitadas. Adultos maduros se interessam em discutir o mundo real, como ele efetivamente existe, e como os governos se comportam nele - não como eles se comportariam em alguma terra imaginária hipotética, na qual os EUA não estão constantemente tomando posições morais sem sentido sobre suas próprias ações e agressões.

    Não é permitido aos australianos saber se há armas nucleares estadunidenses em nosso país, e é proibido ao nosso governo ter informações sobre os submarinos capazes de transportar armas nucleares em nossa costa, porque esta é uma aliança completamente normal, com respeito mútuo, entre duas nações completamente iguais.

    Os australianos não tiveram o direito de votar sobre nada disso. Não nos foi permitido votar sobre o AUKUS, não houve debate ou consulta sobre o AUKUS conduzidos pelas autoridades eleitas no parlamento, e nossa última eleição foi entre o primeiro-ministro que iniciou o AUKUS e seu oponente, que também apoiou o AUKUS.

    É proibido aos australianos terem qualquer influência sobre as decisões de maior consequência tomadas em nosso país. Questões importantes, como se devemos abrir mão de nossa soberania nacional para as preparações do império estadunidense para a Terceira Guerra Mundial, são consideradas importantes demais para os australianos decidirem.

    Como uma salvaguarda adicional contra a interferência dos australianos nos mecanismos do império, também temos a maior concentração de propriedade de mídia no mundo ocidental, garantindo que permaneçamos ignorantes e viciados demais em propaganda para notar que algo está errado.

    Políticos e especialistas que apoiam o militarismo estadunidense deveriam receber a mesma reação da sociedade dada a um membro da Ku Klux Klan desfilando em uniforme de gala. No entanto, se o fizessem, toda a ordem política estruturada em torno do império dos EUA colapsaria.

    Os defensores da guerra deveriam receber a mesma reação que os membros da Klan, mas não a recebem. Isso ocorre porque o racismo (pelo menos o declarado) foi normalizado na polida sociedade liberal, enquanto o militarismo foi agressiva e forçosamente normalizado para proteger os interesses de um império mantido inteiro pela guerra incessante.

    Portanto, o desafio é desnormalizar os militaristas da mesma forma que os membros da Klan. Devemos trabalhar para tornar um tabu social ser um defensor declarado da guerra, da mesma forma que ser um racista declarado é.

    A realidade impõe as mesmas demandas ao ego que o império estadunidense impõe a qualquer governo que o desobedeça: renda-se, ou sofra as consequências. Nos casos das nações que desafiam o império, o sofrimento toma a forma de sanções, guerra e agitação doméstica fomentada pela CIA; no caso do ego, o sofrimento toma a forma de uma contínua resistência à vida como ela é.

    A diferença é que render-se ao império estadunidense resulta em subjugação e escravidão, enquanto render-se à realidade produz a verdadeira liberdade.

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