Frei Betto encerra a atividade “Clube de Leitura CCBB-2024”, falando de espiritualidade na arte e na escrita
Segundo organizadores, evento dá a oportunidade de refletir sobre como a literatura é capaz de elevar a outro patamar nossa consciência cidadã
Por Denise Assis (247) - A edição que se encerra nesta quarta-feira, no CCBB, no Centro do Rio, contará com as participações do militante da palavra, ensaísta, cronista, romancista e poeta Frei Betto e da teóloga e jornalista Magali Cunha.
Como praxe no Clube, ficou a cargo do público a escolha do livro a ser debatido no dia 11/12, às 16h30: “Tom vermelho do verde”, romance histórico de Frei Betto, que cativa o leitor desde as primeiras páginas e impressiona com o profundo conhecimento da cultura indígena apresentado pelo autor, venceu a votação aberta. O tema desperta bastante curiosidade, e o autor declarou que sua expectativa é “fazer uma rápida apresentação e deixar que o público faça perguntas”, uma ótima oportunidade para ampliar o diálogo sobre o tema dos povos originários abordado no livro.
Segundo Suzana Vargas, mediadora e curadora do Clube, a ideia de encerrar 2024 com Frei Betto falando sobre Literatura e Transcendência objetiva dar ao frequentador a oportunidade de refletir sobre como a literatura é capaz de elevar a outro patamar nossa consciência existencial e cidadã, muitas vezes ocupada por preocupações puramente materiais.
“Vamos discutir qual o lugar da arte e da literatura na nossa sociedade, principalmente em um momento de transição tão grande de valores morais, éticos e espirituais. O que a literatura pode nos oferecer diante das incertezas diárias da sobrevivência”, antecipa Suzana, para quem a participação especial de Magali Cunha, profunda conhecedora da obra de Frei Betto, certamente tornará o diálogo e o encontro com o público ainda mais enriquecedores.
O evento é gratuito e acontecerá no dia 11 de dezembro de 2024, às 16h30, na Biblioteca Banco do Brasil, localizada no 5º andar do Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro. O Clube de Leitura CCBB 2024 conta com o patrocínio do Banco do Brasil.
Sobre o livro
Tom vermelho do verde é um livro de denúncia, mas também um romance histórico que cativa o leitor desde as primeiras páginas e impressiona com o profundo conhecimento da cultura indígena apresentado pelo autor.
No momento em que os povos originários sofrem pressões para que suas terras sejam exploradas por companhias mineradoras e madeireiras que causam danos ecológicos irreparáveis, Frei Betto revela o drama vivido pelos Waimiri-Atroari a partir da construção da rodovia BR-174 em suas terras, na década de 1970. Drama até então conhecido apenas por estudiosos de culturas indígenas e que se prolonga até hoje, cujas consequências não se restringem às vítimas inocentes. Pelo contrário, atinge proporções catastróficas e imprevisíveis à medida que a floresta amazônica é arrasada e seus povos originários são dizimados.
Sobre o Clube de Leitura CCBB
Os encontros do Clube acontecem no Salão de Leitura da Biblioteca Banco do Brasil, com entrada gratuita, mediante retirada dos ingressos na bilheteria do CCBB RJ ou pelo site bb.com.br/cultura. A mediação é da curadora Suzana Vargas, e o microfone será aberto para a plateia nos 30 minutos finais dos encontros. A gravação integral será disponibilizada no canal do Banco do Brasil no YouTube na semana seguinte ao evento.
Em 2023, o Clube recebeu 1.243 pessoas presencialmente, e foram registrados milhares de acessos na playlist. A edição do ano passado contou com escritores como Paula Tavares, Milton Hatoum, Gonçalo Tavares, Gregório Duvivier, Cida Pedrosa, Eliakin Rufino, José Eduardo Agualusa, Luiz Fernando Carvalho, Ítalo Moriconi, Conceição Evaristo, Mia Couto e Antonio Torres.
Frei Betto, responsável pelo encerramento das atividades deste ano, é autor de 79 livros editados no Brasil e, vários, no exterior. Ele nasceu em Belo Horizonte (MG), estudou jornalismo, antropologia e filosofia. Frei Betto é frade dominicano e autor do livro “Batismo de Sangue”, da editora Rocco. Com essa obra, ele ganhou o prêmio Jabuti em 1982 e, em 1985, foi eleito Intelectual do Ano pelos escritores filiados à União Brasileira de Escritores, recebendo o Prêmio Juca Pato por sua obra Fidel e a religião.
Colabora com vários jornais, revistas, sites e blogs, no Brasil e no exterior. Foi colunista dos jornais Correio Braziliense, O Estado de S. Paulo, O Estado de Minas, Hoje em Dia, O Dia, O Globo e da revista Caros Amigos.
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