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    CNI alerta que eventual alta da Selic compromete investimentos e trava crescimento econômico

    Entidade afirma em nota que a continuidade do ciclo de alta dos juros desconsideraria esforços em curso na política fiscal e na atividade econômica

    (Foto: Reprodução/CNI)
    Aquiles Lins avatar
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    247 - A Confederação Nacional da Indústria (CNI) classificou como “a crônica de uma morte anunciada” a possibilidade de um novo aumento da taxa Selic pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central. Para a entidade, insistir na elevação dos juros desconsidera os esforços na política fiscal e na atividade econômica, trazendo efeitos negativos sobre a geração de empregos e a renda da população.

    Diante desse cenário, a CNI defende um pacto nacional que contemple políticas estruturantes e metas fiscais equilibradas, garantindo estímulos seletivos ao investimento e favorecendo um crescimento sustentável a médio e longo prazos. Segundo a entidade, a taxa de juros reais, atualmente em torno de 7%, já se encontra em um patamar excessivamente elevado, levando o setor industrial a adiar projetos de modernização e expansão.

    Quadro fiscal precisa ser valorizado

    A CNI destaca que o ajuste fiscal promovido pelo governo federal, com corte de despesas aprovado pelo Congresso no final de 2024, é um fator positivo a ser considerado. A economia gerada pode chegar a R$ 70 bilhões em 2025 e 2026, e novas medidas devem ser propostas ainda este ano para garantir o equilíbrio das contas públicas.

    Além disso, a entidade ressalta que houve uma forte desaceleração do impulso fiscal no segundo semestre de 2024, quando os gastos federais caíram 2,9% em termos reais na comparação com o mesmo período do ano anterior. Para 2025, a previsão é que o crescimento das despesas federais seja menor do que o registrado em 2024, reforçando o compromisso com a responsabilidade fiscal.

    A CNI argumenta que o cumprimento da meta de resultado primário de 2024 é amplamente factível e que, para 2025, um contingenciamento de apenas R$ 4,2 bilhões seria suficiente para atender ao limite inferior da meta fiscal.

    Impacto da desvalorização do real e do custo da dívida pública

    Para a entidade, a recente desvalorização do real foi impulsionada por uma reação precipitada do mercado em relação à qualidade do pacote fiscal do governo. Como consequência, houve um aumento nas expectativas de inflação, o que poderia ser usado como justificativa para um novo aperto monetário.

    A CNI alerta que uma eventual elevação da Selic teria um impacto significativo na dívida pública. De acordo com estimativas do Banco Central, um aumento de 1 ponto percentual na taxa básica de juros representaria um custo adicional de R$ 50 bilhões para os cofres públicos.

    Brasil mantém juros reais entre os mais altos do mundo

    A taxa real de juros no Brasil, descontada a inflação, está atualmente em 6,8% ao ano, muito acima da taxa neutra estimada pelo próprio Banco Central, de 5% ao ano. Esse cenário mantém o país entre os que possuem os juros reais mais altos do mundo, atrás apenas da Turquia e da Rússia.

    No patamar atual de 12,25% ao ano, a Selic está pelo menos 2,45 pontos percentuais acima da taxa considerada de equilíbrio pela CNI, que seria de 9,80% ao ano – nível que permitiria conter a inflação sem prejudicar o crescimento econômico.

    Setores produtivos perdem dinamismo e empresários recuam nos investimentos

    Os impactos dos juros elevados já são evidentes nos dados de atividade econômica. No terceiro trimestre de 2024, o PIB desacelerou e os números do último trimestre indicam a continuidade dessa tendência.

    Em novembro, a produção industrial caiu 0,6% em relação ao mês anterior, marcando o segundo mês consecutivo de retração. O varejo também apresentou queda de 1,8%, enquanto o setor de serviços recuou 0,9%, anulando o crescimento observado em outubro.

    Essa perda de ritmo na economia afeta diretamente a confiança dos empresários. Em janeiro de 2025, o Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI), medido pela CNI, caiu para 49,1 pontos – registrando a quarta queda consecutiva.

    Custo do crédito elevado impede investimentos e prejudica a competitividade

    Com a Selic em níveis elevados, o custo do crédito para empresas e consumidores se torna ainda mais proibitivo. A CNI alerta que o encarecimento do financiamento para aquisição de máquinas, equipamentos e capital de giro inviabiliza a execução de projetos estratégicos para o setor produtivo.

    Na indústria, onde as cadeias produtivas são longas e os custos financeiros se acumulam ao longo do processo, o impacto é ainda mais severo. Segundo a CNI, o peso dos juros embutidos no preço final dos produtos industriais pode chegar a 25%, reduzindo a competitividade do setor nacional e comprometendo o crescimento sustentável da economia brasileira.

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