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    Em Berlim, Marina defende mobilização global para transição energética

    "A transformação ecológica não pode sobrecarregar países em desenvolvimento", diz ministra, que participa de Diálogo de Petersberg, reunião preparatória para negociações climáticas

    Marina Silva (Foto: Reuters/Amr Alfiky)

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    Agência Gov – A ministra Marina Silva defendeu nesta sexta-feira (26) em Berlim, na Alemanha, que o mundo acelere sua transição energética para combater a emergência climática e promover o desenvolvimento sustentável. A transformação precisa ser liderada pelos países desenvolvidos e não deve sobrecarregar as nações em desenvolvimento, afirmou a ministra no Diálogo de Petersberg sobre Clima, reunião preparatória para a Cúpula do Clima da ONU.

    “Temos pouco tempo para colocar o planeta em uma trajetória próspera e sustentável de desenvolvimento, capaz de respeitar os limites da natureza e alinhada com 1,5ºC. Isso significa acelerar a transição energética”, afirmou Marina.

    Realizado desde 2010, o encontro na Alemanha reúne lideranças internacionais e negociadores em preparação para as COPs. O debate deste ano tem como assunto central os meios de implementação necessários para acelerar o cumprimento das metas do Acordo de Paris, de 2015.

    A Missão 1,5°C, esforço global criado em 2023 na COP28, em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, para limitar o aquecimento a 1,5 °C em relação aos níveis pré-industriais, também é tema dos debates. Outra pauta é a criação de uma nova meta coletiva quantificada para o financiamento climático, que deve ser decidida na COP29, em novembro, na cidade de Baku, no Azerbaijão.

    A transformação ecológica não pode sobrecarregar países em desenvolvimento, destacou a ministra, que defendeu “comprometimento de países produtores e consumidores”:

    “Para muitos países, os investimentos representariam grande endividamento em moeda estrangeira e a um custo econômico que pode inviabilizar a segurança e o bem-estar de suas sociedades”, afirmou Marina. “É fundamental reduzirmos as desigualdades para assegurar a necessária estabilidade política da transição. Devem ser consideradas as responsabilidades e capacidades de cada um dos países aqui representados. Mas os países desenvolvidos precisam liderar este processo.”

    Troica do clima

    A participação da ministra em Berlim integra atividades da troica criada no ano passado em Dubai entre as presidências da COP28, da COP29 e da COP30, que será realizada em Belém, no Pará, em 2025. O objetivo é concretizar o Consenso dos Emirados pela Missão 1,5ºC, que busca garantir meios de implementação e mais ambição nas novas metas climáticas, as Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDC, na sigla em inglês).

    Compromissos mencionados pela ministra em sessão sobre a troica incluem triplicar a capacidade de energia renovável do planeta até 2030, acabar com os subsídios para combustíveis fósseis e duplicar a eficiência energética.

    “O Consenso de Dubai já nos deu a direção. Cabe a nós, por meio de nossas novas NDCs e dos diferentes meios de implementação, formar juntos aquilo que é essencial, que é um processo equitativo, e trilharmos os caminhos para essa inadiável transformação”, afirmou a ministra.

    Marina destacou os resultados obtidos desde a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com a retomada da governança socioambiental e climática no Brasil. Em 2023, houve redução de 50% da área sob alertas de desmatamento na Amazônia na comparação com 2022, segundo dados do sistema Deter, do Inpe.

    O desmatamento é a maior fonte de emissões do Brasil, e a redução no ano passado evitou o lançamento na atmosfera de aproximadamente 250 milhões de toneladas de gases causadores do efeito estufa, equivalente às emissões de um país como a Colômbia.

    Financiamento

    Marina também participou nesta sexta-feira do segmento de alto nível do Diálogo de Petersberg, com presença do chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, e do presidente do Azerbaijão, Ilham Aliyev.

    A ministra ressaltou que os investimentos para a transição brasileira serão orientados pelo Plano de Transformação Ecológica, coordenado pelo Ministério da Fazenda. Destacou também o aporte de R$ 10,4 bilhões realizado no Fundo Clima, vinculado ao MMA e operacionalizado pelo BNDES, para financiar projetos que combatam a mudança do clima e promovam o desenvolvimento sustentável no país. Parte do recurso foi captada em 2023, com a emissão dos primeiros títulos soberanos sustentáveis, na Bolsa de Valores de Nova York.

    Marina também mencionou a proposta de fundo para financiar a conservação de florestas tropicais apresentada pelo Brasil na COP28. O Floresta Tropicais para Sempre, que será lançado para a COP30 e pode beneficiar cerca de 70 países, pagará valor fixo anual para cada hectare de floresta de pé, com descontos no valor a receber para cada hectare desmatado ou degradado.

    “Contamos com todos os países para combater o maior problema que a humanidade já enfrentou: a mudança da matriz energética, os investimentos que precisam ser feitos para mudar nossos modelos energéticos, para assegurar segurança alimentar para toda a humanidade e criarmos um novo ciclo de prosperidade. Não é uma questão de escolha, é um imperativo ético”, afirmou Marina.

    A ministra também teve nesta sexta reuniões bilaterais com John Podesta, enviado especial da Presidência dos Estados Unidos para o Clima; Stéphane Sejourné, ministro das Relações Exteriores da França; e Annalena Baerbock, ministra das Relações Exteriores da Alemanha.

    Na quinta, Marina teve reuniões com o presidente da COP29, Mukhtar Babayev, e com a ministra da Transição Ecológica da Espanha, Teresa Ribera. Também se encontrou com Simon Stiell, secretário-executivo da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC, na sigla em inglês).

    No sábado, a ministra viaja para Turim, na Itália, onde participa como convidada da cúpula de ministros de Meio Ambiente, Clima e Energia do G7, grupo que reúne sete das maiores economias do planeta.

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