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Raoni alerta para desastre caso desmatamento não seja interrompido

Raoni afirmou que as ameaças à floresta diminuíram desde que o presidente Lula assumiu o cargo em janeiro, mas o perigo para os povos indígenas agora é o Congresso

Cacique indígena brasileiro Raoni Metuktire posa para foto durante uma entrevista antes de uma cúpula de nações da floresta amazônica no Parque Igarapé, em Belém, Pará, Brasil (Foto: REUTERS/Ueslei Marcelino)

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BELÉM, BRASIL (Reuters) - O líder indígena Raoni Metuktire pedirá aos chefes de Estado da região amazônica, reunidos para conferência em Belém na próxima semana, que intensifiquem seus esforços para preservar a floresta, vital para a sobrevivência de seu povo e para o clima global.

"Vou pedir pessoalmente para os presidentes para que tenham compromisso e de fato garantam a preservação da floresta", disse ele à Reuters. Raoni afirmou que as ameaças à floresta diminuíram desde que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assumiu o cargo em janeiro, mas o perigo para os povos indígenas agora é o Congresso, onde o lobby de fazendeiros busca aprovar legislações para acabar com o reconhecimento de suas terras ancestrais.

"Há muitas comunidades indígenas que não tem demarcação e mesmo que o presidente seja favorável à demarcação de terras indígenas, o que eu mais escuto são ameaças, discursos, declarações contrários à demarcação dentro do Congresso", disse ele em entrevista.

Raoni é o cacique do povo Kayapo, um grupo indígena que vive ao longo do rio Xingu. Sua reserva, o Parque Nacional do Xingu, foi cercada por plantações de soja em expansão e fazendas de gado que secam os rios, que, por sua vez, vêm sendo poluídos por garimpeiros ilegais. "O desmatamento das florestas na região amazônica não é bom para a gente, povos indígenas, e o homem branco precisa repensar e manter preservado o que resta da Amazônia", alertou.

Os oito países da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA) se reunirão na terça e quarta-feira em Belém para tentar cooperar através de suas fronteiras no combate ao desmatamento, proteção aos povos indígenas e incentivo ao desenvolvimento sustentável diante das mudanças climáticas. Autoridades sênior dos Estados Unidos e da França estarão presentes.

Raoni disse que seu povo está sentindo o impacto das mudanças climáticas. "Muitos rios estão secando, estamos sentindo muito calor, a temperatura na aldeia está muito alta, e há pouca chuva", disse ele.

Raoni disse que seus ancestrais acreditavam que um dia não haveria chuva e um grande incêndio na Terra consumiria a raça humana. "Esse mito é um recado para vocês brancos, vocês precisam entender isso, de que se não preservar a floresta todos nós teremos problemas, todos!", acrescentou.

O líder Kayapo, que acredita-se ter 91 anos, se tornou mundialmente conhecido por sua campanha ambiental na década de 1980 com o músico Sting ao seu lado. Raoni ainda disse que tem visões de desastres. "Os espíritos me falam que se continuar com esse tipo de ação humana, eles irão agir com muita força e aí teremos problemas muitos grandes", afirmou ele.

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