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    'Vamos à COP28 dizer que é preciso colocar dinheiro no povo da floresta', diz Lula em Belém

    Lula disse ainda que os US$ 100 bilhões anuais prometidos, desde 2009, pelos países ricos para o financiamento climático de países em desenvolvimento já não são suficientes

    Preisdente Luiz Inácio Lula da Silva (Foto: Divulgação/Governo Federal)

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    Brasil de Fato e Agência Brasil - Finalizados os encontros com governantes amazônicos e de outros países florestais em desenvolvimento, o presidente Lula (PT) divulgou qual será o posicionamento comum do bloco na COP28, a conferência internacional do clima que acontecerá em novembro em Dubai.

    "Vamos dizer ao mundo rico que, se quiserem preservar o que existe de floresta, é preciso colocar dinheiro. Não apenas na copa da floresta, mas naquele povo que mora lá embaixo. É cuidando desse povo que vamos cuidar da floresta", afirmou o presidente. 

    A declaração foi dada em pronunciamento à imprensa nesta quarta-feira (9), no encerramento da Cúpula da Amazônia, que reuniu governantes em Belém (PA). Lula disse que o encontro multilateral gerou "iniciativas muito concretas" e será um marco na diplomacia do clima mundial.

    Lula criticou os países ricos pelo que chamou de "medidas protecionistas mal disfarçadas de preocupação ambiental", em aparente referência a restrições colocadas pela União Europeia a um acordo do bloco com o Mercosul. 

    "A participação dos movimentos populares [Na Cúpula da Amazônia] foi uma coisa inédita e extraordinária pela capacidade de discussão e de elaboração de propostas que o movimento social teve", disse o presidente. 

    US$ 100 bi em financiamento climático são insuficientes - Lula disse ainda que os US$ 100 bilhões anuais prometidos, desde 2009, pelos países ricos para o financiamento climático de países em desenvolvimento já não são suficientes. “Desde a COP 15, o compromisso dos países desenvolvidos de mobilizar US$ 100 bilhões  por ano em financiamento climático novo e adicional nunca foi implementado. Esse montante já não corresponde às necessidades atuais. A demanda por mitigação, adaptação e perdas e danos só cresce”, discursou o presidente.

    Lula destacou que quem tem as maiores reservas florestais e a maior biodiversidade merece maior representatividade no Fundo Global, e que é “inexplicável que mecanismos de financiamento, como o Fundo Global para o Meio Ambiente, que nasceu no Banco Mundial, reproduzam a lógica excludente das instituições de Bretton Woods”. O presidente se referiu às instituições financeiras internacionais criadas na Conferência de Bretton Woods, que em 1944 estabeleceu o dólar como moeda para comércio internacional.

    O presidente criticou a falta de representatividade de países como Brasil, Colômbia, Equador, Congo e Indonésia no fundo, e que, a estrutura atual acaba por favorecer países desenvolvidos como Estados Unidos, Canadá, França, Alemanha, Itália e Suécia, que ocupam cada um seu próprio assento.

    “Os serviços ambientais e ecossistêmicos que as florestas tropicais fornecem para o mundo devem ser remunerados, de forma justa e equitativa”, acrescentou ao defender uma espécie de certificação de produtos produzidos de forma sustentável nas grandes florestas tropicais.

    A Cúpula da Amazônia foi precedida dos Diálogos Amazônicos, evento que reuniu 24 mil integrantes de movimentos sociais, entre eles indígenas, quilombolas, camponeses e habitantes da Amazônia urbana, além de cientistas e integrantes do terceiro setor. 

    Países florestais divulgam declaração conjunta - Na entrevista coletiva, Lula leu a declaração conjunta dos países florestais em desenvolvimento, elaborada na Cúpula da Amazônia. O documento manifestou preocupação com os países ricos por não cumprirem metas de descarbonização da economia e de financiamento climático.

    A declaração conjunta diz que o "acesso preferencial para produtos florestais nos mercados dos países desenvolvidos será importante alavanca para o desenvolvimento econômico dos países em desenvolvimento".

    O posicionamento multilateral é assinado por Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Indonésia, Peru, República Democrática do Congo, República do Congo, São Vicente e Granadinas, Suriname e Venezuela.

    Lula: Declaração de Belém foi um marco - Da Cúpula da Amazônia resultou também a Declaração de Belém, documento divulgado na terça-feira (8), que estabelece compromissos socioambientais para Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela.

    O acordo multilateral entre países amazônicos é inédito. Ele garantiu proteção a indígenas e comunidades tradicionais, estabeleceu ações de cooperação internacional, mas não trouxe metas comuns de desmatamento zero, nem restrições à exploração de combustíveis fósseis, que são os principais causadores das mudanças climáticas. 

    Lula disse nesta quarta-feira (9) que a Declaração de Belém é um "marco" que reúne iniciativas "muito concretas para enfrentamento dos desafios compartilhados por nossos oito países".

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