Cristina Serra: “jornalistas compraram o projeto de poder da Lava Jato”
“Você tem um conjunto de trocas de mensagens entre jornalistas e a força-tarefa que é um comportamento completamente inaceitável, inadmissível, impróprio. É isso que eu chamo de jornalismo pervertido”, disse Cristina à TV 247. Assista
247 - A jornalista Cristina Serra analisou na TV 247 a participação da imprensa no processo de crescimento e excessos da Operação Lava Jato no Brasil nos últimos anos. Para ela, além do apoio equivocado dos grupos de comunicação à força-tarefa, o mais grave foi o modo como jornalistas, em sua individualidade, se empenharam em atuar de forma “pervertida” com procuradores de Curitiba.
Para Cristina, jornalistas compraram o projeto de poder da Lava Jato. “Quando eu falo da imprensa, na verdade eu estou falando quase sempre das empresas, das posições que elas tomam. No entanto, no caso da Lava Jato, eu observo uma coisa que acho muito mais grave: o engajamento de repórteres, de jornalistas que individualmente compraram essa história do projeto da Lava Jato que ia acabar com a corrupção no Brasil. Um projeto que hoje todo mundo sabe que era um projeto político, um projeto de poder. Isso está muito claro nas mensagens da Vaza Jato”.
Segundo a jornalista, o comportamento da imprensa na cobertura da operação precisa ser estudado e discutido para que não se repita no país. “Você tem um conjunto de trocas de mensagens entre jornalistas e a força-tarefa, os procuradores, o Deltan Dallagnol sobretudo, que é um comportamento completamente inaceitável, inadmissível, impróprio. É isso que eu chamo de jornalismo pervertido, porque é uma perversão total. Tem repórteres que estavam ali na linha de frente da apuração das investigações que sacrificaram completamente sua independência, deixaram de usar seu senso crítico em troca de ter acesso às fontes com rapidez, acesso aos documentos e às delações. Esse é o pior dos mundos do jornalismo. Essa cobertura da Lava Jato é de extrema gravidade, precisa ser estudada, criticada e analisada para que isso não se repita”.
Bolsonaro não vai largar o osso
Questionada sobre suas expectativas para a segunda metade do governo Jair Bolsonaro, Cristina se mostrou apreensiva com o que se escancara no Brasil: a preparação de um golpe.
Ela citou o decreto das armas de Bolsonaro para argumentar que o chefe do Executivo pode em algum momento convocar seus apoiadores a uma insurreição. “Estou superpreocupada, bastante temerosa do que o Brasil vai enfrentar nos próximos dois anos porque eu acho que ele [Bolsonaro] está dando todos os sinais de que não vai largar o osso sem espernear bastante. Acho que é exatamente isso que a gente está vendo [um golpe em câmera lenta], e me remete muito àquele livro ‘Como as democracias morrem’. Por exemplo na política de armas, na calada da noite ele decretou uma série de medidas gravíssimas com relação à posse, compra e porte de armas e munições. Ele já tinha dito naquela reunião horrorosa em abril do ano passado que tem que armar a população. Ele está fazendo isso. Não resta a menor dúvida que ele está abastecendo legalmente milícias privadas, apoiadores, pessoas que em um determinado momento, se ele precisar mobilizá-las, e ele tem poder para isso, ele vai fazer e as pessoas estarão com as armas”.
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