Jacobina: 'De trajetória audaciosa, Nathalia Urban defendia medidas de cuidado recíproco entre militantes'
Revista citou um poema em homenagem à jornalista da TV 247
247 - Em uma dedicatória à jornalista Nathalia Urban, a revista Jacobina afirmou que "presta sua homenagem à militante socialista e jornalista internacionalista". "Deixou um enorme legado para o jornalismo e para as lutas anti-imperialistas", continuou o veículo em texto intitulado "Um tributo à camarada Nathália Urban".
Nesta quarta-feira, Nathalia nos deixou, levando consigo uma voz incansável na defesa dos povos oprimidos ao redor do mundo. Com coragem e paixão, ela se dedicou a dar visibilidade a causas que muitas vezes são silenciadas, lutando por justiça e dignidade para aqueles que sofrem. Sua atuação se destacava pelo compromisso com a verdade e pela empatia com os povos mais vulneráveis. Num último ato de generosidade, Nathalia terá seus órgãos doados, perpetuando seu espírito de cuidado com o próximo.
De acordo com a revista, "a partida de Nathalia nos ensina lições importantes sobre a necessidade de ampliarmos medidas de cuidado recíproco entre militantes e atentarmos especialmente para as mulheres militantes e imigrantes". "Vivemos tempos catastróficos que exigem reforço redobrado de escuta e auxílio mútuo — não são tempos normais, os desafios são imensos e os riscos tremendos, nada disso pode ser ignorado ou tratado como de menor importância", disse.
"Nathália seguiu a boa tradição do jornalismo socialista, cujo patrono é Karl Marx em pessoa, que une rigor crítico com a busca por uma verdade concreta. Podemos dissertar longamente sobre como a mídia e usuários de redes sociais têm explorado como aves de rapina a passagem de Nathalia. Mas o que importa — e se sobressai — é como ela é amada pelo público que cativou por todos esses anos, enquanto jornalista das causas urgentes e impossíveis, camarada exemplar, amiga leal e lutadora incansável e carismática — das duras batalhas, inclusive pessoais, como mulher latina imigrante da periferia na terra natal do capitalismo", acrescentou.
Experiências
A publicação também afirmou que, "na revista Jacobina, Nathália colaborou não só com inúmeros artigos e entrevistas — muitos dos quais reproduzidos em espanhol e em inglês — como, ainda, apresentando diversos episódios do projeto da TV Jacobina, o que incluiu entrevistas memoráveis com Juca Kfouri, Ladislau Dowbor, Txai Suruí e Frei Betto, dentre outros, dividindo bancada com os editores desta publicação, este que vos escreve, Hugo Albuquerque, e Cauê Seignemartin Ameni". "Seu autêntico internacionalismo, sem perder jamais a perspectiva anti-imperialista desde o Sul Global, e uma busca incansável pela verdade, produziu esse belíssimo material", afirmou.
"Com inúmeras participações em canais como Opera Mundi e Revista Fórum, Nathália tinha presença fixa na TV 247, na bancada do Bom Dia 247, o jornal matutino do canal, além de sua participação no Veias Abertas, sobre política latino-americana, e no Globalistas, sobre política internacional, em companhia do jornalista Brian Mier, além de participar do Mais à Esquerda com seu amigo Carlos Hortmann", acrescentou.
Segundo a revista, Natália tinha "uma trajetória audaciosa, marcada pela perda precoce da mãe e, depois, a passagem de sua avó, que lhe apoiou na ida para o jornalismo; esse percurso incluiu passagens pela Universidade Federal da Paraíba, a PUC de São Paulo e a Universidade Católica de Santos".
"Na Escócia, Nathália produziu, militou e se tornou parte das lutas locais, que não deixam de fazer parte de uma constelação de outras batalhas por libertação nacional no entorno da Inglaterra e, por derivação, do mundo inteiro. Pioneira não só na Revolução Industrial e, por consequência, no capitalismo, a Inglaterra inventou, na ilha da Grã-Bretanha, a colonização moderna, o que inclui não só a exploração de sua classe trabalhadora como, ainda, a das nacionalidades em seu entorno", complementou.
"Poderíamos lamentar a perda precoce, mas preferimos celebrar a vida e a obra de Nathália Urban. Em vez de chorar pelo fato de que morrem jovens aqueles que os deuses amam, ainda mais de forma trágica e por ora não esclarecida, preferimos declamar uns versos do poeta da Revolução, Maiakovski, em O Amor", publicou a revista.
Confira o poema mencionado:
Talvez quem sabe um dia
Por uma alameda do zoológico
Ela também chegará
Ela que também amava os animais
Entrará sorridente assim como está
Na foto sobre a mesa
Ela é tão bonita
Ela é tão bonita
Que na certa
Eles a ressuscitarão
O século trinta vencerá
O coração destroçado já
Pelas mesquinharias
iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular
Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista: