DeepSeek acelera lançamento de novo modelo de IA e desafia hegemonia ocidental
Startup chinesa aposta em inteligência artificial de baixo custo e preocupa EUA com avanços tecnológicos
247 – A startup chinesa DeepSeek, conhecida por seu modelo de inteligência artificial de custo reduzido e alto desempenho, está acelerando o lançamento de sua nova geração de IA, o R2, que pode chegar ao mercado antes de maio. A informação foi divulgada pela Reuters nesta terça-feira (25), com base em fontes próximas à empresa. O avanço da DeepSeek coloca pressão sobre as gigantes ocidentais do setor e intensifica a disputa entre China e Estados Unidos pela liderança na inteligência artificial.
A empresa sediada em Hangzhou ganhou notoriedade no mercado em janeiro ao lançar o modelo R1, que superou muitas das soluções de IA de empresas dos EUA, como OpenAI e Google, apesar de ter sido desenvolvido com chips menos potentes da Nvidia. O preço acessível de suas soluções foi um dos fatores que causaram impacto no setor, resultando em um abalo nas bolsas de valores globais, com uma perda estimada de mais de US$ 1 trilhão em capitalização de mercado.
Modelo R2 e a estratégia da DeepSeek
Com a nova versão, a DeepSeek busca avanços na capacidade de geração de código e melhor desempenho em outras línguas além do inglês. A estratégia da empresa tem se diferenciado das tradicionais big techs chinesas, como Baidu e Tencent, adotando uma gestão menos hierárquica e uma cultura de trabalho mais flexível, o que atrai talentos especializados.
"O lançamento do R2 pode ser um momento decisivo para a indústria da IA", avaliou Vijayasimha Alilughatta, diretor de operações da empresa indiana de tecnologia Zensar, em entrevista à Reuters. Ele ressaltou que a abordagem da DeepSeek pode "estimular empresas em todo o mundo a acelerarem seus próprios esforços, rompendo o monopólio de poucos players dominantes".
Ascensão e discrição: a trajetória do fundador
A DeepSeek foi fundada por Liang Wenfeng, um matemático discreto que acumulou fortuna através do fundo quantitativo High-Flyer. Ex-funcionários e especialistas do setor descrevem a startup como mais um centro de pesquisa do que uma empresa tradicional. Liang adotou uma gestão descentralizada e investiu em jovens talentos, permitindo que novos engenheiros assumissem funções críticas no desenvolvimento da tecnologia.
"Liang nos deu autonomia e nos tratou como especialistas. Ele fazia perguntas constantemente e aprendia junto conosco", afirmou Benjamin Liu, ex-pesquisador da DeepSeek, em entrevista à Reuters. A empresa também se destacou por oferecer salários competitivos, muito acima da média da indústria chinesa de tecnologia.
Computação e tensão com os EUA
O sucesso da DeepSeek foi impulsionado pelos massivos investimentos em infraestrutura computacional feitos pelo High-Flyer ao longo de uma década. Em 2020 e 2021, a empresa gastou 1,2 bilhão de yuans para montar dois supercomputadores baseados em chips Nvidia A100, utilizados para o treinamento dos modelos de IA. Esse movimento chamou a atenção das autoridades chinesas, que inicialmente questionaram a necessidade de tamanho poder computacional, mas posteriormente autorizaram as operações.
Com as restrições dos EUA sobre a exportação de chips avançados para a China, a DeepSeek se beneficiou do estoque previamente adquirido, permitindo avanços mesmo diante do embargo. O governo chinês agora endossa a empresa, mas instruiu seus líderes a manter um perfil discreto para evitar atração de mais sanções ocidentais.
A integração dos modelos da DeepSeek no setor público chinês é crescente. Segundo a Reuters, pelo menos 13 governos municipais e 10 empresas estatais de energia na China já incorporaram a IA da empresa em seus sistemas. Além disso, grandes corporações, como Lenovo, Baidu e Tencent, passaram a utilizar os modelos em seus produtos.
Disputa tecnológica e ameaça à hegemonia ocidental
O avanço da DeepSeek preocupa autoridades dos EUA, que consideram a liderança na IA uma questão de segurança nacional. Analistas veem a crescente adoção dos modelos chineses como um desafio à hegemonia das big techs ocidentais.
"Se a DeepSeek se tornar o modelo padrão nas entidades estatais chinesas, reguladores ocidentais podem aumentar as restrições sobre chips de IA e colaborações tecnológicas", avaliou Stephen Wu, fundador do fundo de hedge Carthage Capital, em entrevista à Reuters.
A disputa entre Pequim e Washington por supremacia na IA deve se intensificar nos próximos meses, e o lançamento do R2 será um marco nessa corrida tecnológica. Enquanto isso, a DeepSeek segue expandindo suas fronteiras, impondo novos desafios às potências ocidentais do setor.
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