Folha assume informalmente a defesa de Jair Bolsonaro
Jornal relativiza provas contra Bolsonaro, questiona delação de Mauro Cid e minimiza indícios de anuência do ex-presidente a plano golpista e homicídios
247 - A Procuradoria-Geral da República apresentou uma denúncia robusta contra Jair Bolsonaro e 33 aliados, detalhando um esquema criminoso para subverter a democracia brasileira. Diante desse fato histórico e recheado de provas, a Folha de S. Paulo optou por uma abordagem que, longe de reforçar a defesa das instituições, parece funcionar como um escudo para o ex-presidente. As matérias publicadas pelo veículo minimizam as provas e tentam construir uma narrativa que enfraquece as acusações contra Bolsonaro, em vez de analisá-las com a seriedade exigida pelo caso.
Na manchete deste sábado (22), a Folha sugere que houve pressão indevida sobre Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro e delator no caso. O jornal insinua que o ministro Alexandre de Moraes teria cometido abuso ao adverti-lo sobre as consequências de mentir ou omitir informações durante seu depoimento. No entanto, o alerta de Moraes é um procedimento comum em processos de delação premiada. Acusar o magistrado de coação é uma manobra conveniente para os aliados de Bolsonaro, que agora tentam desqualificar provas decisivas para a denúncia.
A comparação com os abusos da Operação Lava Jato, feita pela Folha, ignora que, neste caso, não há relatos de prisões prolongadas ou ilegalidades processuais semelhantes às que levaram à anulação de condenações no passado. A tentativa de equiparar os contextos é uma estratégia para criar um verniz de irregularidade onde há, na verdade, o cumprimento dos ritos da Justiça. Além disso, ao dar amplo espaço para a defesa de Bolsonaro e seus aliados questionarem o processo, a Folha endossa a tese de perseguição política que tem sido a principal linha de defesa do ex-presidente.
Em outra matéria, publicada no dia 19, o jornal da família Frias relativiza as evidências do envolvimento de Bolsonaro no plano "Punhal Verde Amarelo", que previa o assassinato do presidente Lula e outras autoridades. O jornal enfatiza que a denúncia da PGR se baseia em "elementos frágeis", sugerindo que não há provas contundentes de que Bolsonaro anuiu ao plano. No entanto, a investigação da Polícia Federal demonstra que o documento foi impresso dentro do Palácio do Planalto e circulou em momentos coincidentes com a presença de Bolsonaro.
Minimizar esses indícios e enfatizar supostas fragilidades da acusação reforça um viés claro: a tentativa de blindar Bolsonaro de um dos crimes mais graves já investigados contra a democracia brasileira. A Folha de S. Paulo, ao invés de se posicionar como um veículo comprometido com a verdade e a defesa do Estado Democrático de Direito, opta por abrir brechas para narrativas revisionistas que interessam ao bolsonarismo.
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