Glenn Greenwald sai em defesa de Bolsonaro e é enquadrado por Brian Mier
Greenwald sugeriu que Bolsonaro teria sido "banido" pelo "establishment neoliberal" por supostamente liderar pesquisas eleitorais, o que não é verdade
247 - Em postagem no X, antigo Twitter, o jornalista norte-americano Glenn Greenwald acusou governos e instituições de agirem contra lideranças políticas conservadoras ao redor do mundo. No comentário, ele incluiu Jair Bolsonaro (PL) na lista de supostos “banidos” pelo "establishment neoliberal", equiparando-o a nomes como Calin Georgescu, na Romênia, Marine Le Pen, na França, e o atual presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. “A Romênia baniu Calin Georgescu depois de invalidarem sua vitória. O Brasil baniu Bolsonaro enquanto ele lidera Lula nas pesquisas. A França agora está banindo Le Pen. Os democratas tentaram banir Trump. A solução do establishment neoliberal para ser odiado é banir seus oponentes: em nome da democracia”, escreveu Greenwald.
A análise de Greenwald, contudo, foi imediatamente confrontada pelo jornalista Brian Mier, que apontou uma série de erros factuais na afirmação. Mier lembrou que Bolsonaro não lidera as pesquisas contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e tampouco foi “banido” por supostamente ser o favorito para as eleições. “Bolsonaro foi banido há dois anos, após se tornar o primeiro presidente da história recente a perder a reeleição”, rebateu Mier, referindo-se à decisão da Justiça Eleitoral que o tornou inelegível por oito anos, após ataques infundados contra o sistema eleitoral brasileiro.
Mier ainda desmentiu a suposta liderança de Bolsonaro nas intenções de voto. Ele lembrou que o ex-presidente chegou, de fato, a ultrapassar Lula em fevereiro em alguns levantamentos isolados, mesmo estando inelegível. No entanto, voltou a cair logo depois. Em pesquisa Quaest divulgada nesta quinta-feira (3), "voltou à sua posição natural de derrotado. Ele não está 'liderando'”, afirmou.
Para sustentar seu argumento, Brian Mier compartilhou dados da Quaest sobre cenários de segundo turno envolvendo Lula e diferentes figuras do campo bolsonarista. Nos levantamentos, o atual presidente aparece à frente em todos os confrontos simulados:
- Contra Michelle Bolsonaro (PL): Lula 44% x 38%
- Contra Tarcísio de Freitas (Republicanos): 43% x 37%
- Contra Ratinho Júnior (PSD): 42% x 35%
- Contra Pablo Marçal (PRTB): 44% x 35%
- Contra Eduardo Bolsonaro (PL): 45% x 34%
- Contra Romeu Zema (Novo): 43% x 31%
- Contra Jair Bolsonaro (PL, inelegível): 44% x 40%
Mier também contextualizou a breve queda na popularidade de Lula nos primeiros meses do ano, atribuindo o fenômeno a fatores conjunturais, como a alta de preços ocasionada por eventos climáticos adversos. “A popularidade de Lula sofreu desgaste em janeiro e fevereiro, à medida que os efeitos dos eventos climáticos do ano passado sobre a safra começaram a impactar os supermercados. Um exemplo: os brasileiros, que amam café, viram o preço do produto quase dobrar. O governo reagiu suspendendo temporariamente os impostos sobre itens da cesta básica”, explicou.
Ao tentar igualar a situação de Bolsonaro à de líderes internacionais conservadores em suposta perseguição política, Glenn Greenwald acabou sendo confrontado por dados concretos e pela realidade institucional do Brasil. A reação de Mier ressalta a importância de manter precisão factual ao se comentar o cenário político nacional, especialmente diante da desinformação que ainda cerca o bolsonarismo.
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