Globo acusa Janja de fake news após primeira-dama ligar apagão à privatização da Eletrobrás
Enquanto isso, setores da esquerda cogitam apoiar o “PL da Globo”, que pretende transferir recursos da internet para a emissora
247 - Enquanto setores da esquerda cogitam apoiar o "PL da Globo", a emissora acusou a primeira-dama Janja de divulgar fake news após a esposa do presidente Lula citar a privatização da Eletrobrás em meio ao apagão que atingiu o País nesta terça-feira (15). Os comentaristas do programa Estúdio I, da GloboNews, disseram que Janja 'politiza' o debate e que não seria o seu papel comentar sobre esses assuntos. Segundo os analistas, o problema do apagão não pode necessariamente ser atribuído à desestatização da companhia, realizada pelo governo Jair Bolsonaro.
A postagem de Janja em questão é curta e simples, e constata o fato de que a privatização foi realizada durante o último governo. "A Eletrobrás foi privatizada em 2022. Era só esse o tuite", escreveu a primeira-dama no X (antigo Twitter).
"Isso acaba politizando a questão, igual quando um filho de Bolsonaro posta alguma coisa, tem outro peso", disse a jornalista Andreia Sadi. O comentarista Octavio Guedes, por sua vez, acusou Janja e o governo do presidente Lula de divulgar "desinformação" porque 'não gostou' da privatização. Enquanto Valdo Cruz lembrou que apagões ocorriam durante a época em que o governo federal era acionista majoritário.
No entanto, a privatização da Eletrobrás se deu, como lembrou a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, após um período de desinvestimento desenhado para aumentar os lucros da companhia. Ela lembrou ainda que, na contramão do mundo, o Brasil decidiu vender sua maior elétrica.
As acusações da Rede Globo vêm em meio às aceleradas discussões na Câmara dos Deputados sobre o PL 2370/2019, conhecido como "PL da Globo" por favorecer os meios de comunicação monopolistas ao forçar as empresas de tecnologia a financiá-los, em detrimento da comunicação independente.
ENTENDA O PL DA GLOBO - O artigo 21-B do PL trata da remuneração dos produtores de conteúdo jornalístico, estabelecendo critérios rígidos, nomeadamente "o volume de conteúdo jornalístico original produzido"; "a audiência, nas plataformas digitais de conteúdos de terceiros, dos conteúdos jornalísticos produzidos pelas pessoas jurídicas" e "o investimento em jornalismo aferido pelo número de profissionais do jornalismo regularmente contratados pela empresa".
O texto também assinala que as empresas jornalísticas serão "livres" para negociar com as plataformas digitais, prevendo ainda "negociação coletiva". Também "assegura" a "equidade" na resolução de conflitos entre as big techs e as empresas jornalísticas, apontando o Judiciário como foro final. >>> "O deputado que votar a favor do PL da Globo não merece o voto do eleitor de esquerda", diz Joaquim de Carvalho
Com isso, empresas menores, como as que produzem o jornalismo independente e não dispõem de capacidade de investimento comparável à Rede Globo, por exemplo, estarão prejudicadas. Na prática, o projeto irá transferir recursos da publicidade digital, que remuneram milhares de criadores de conteúdo independentes em plataformas como o YouTube, para os monopólios de comunicação, como a Globo, que têm maior poder de barganha.
O projeto também contraria as promessas feitas pelo presidente Lula durante a campanha presidencial de "democratização da mídia". Trata-se de um projeto tratado pelo mercado de mídia como o PL da Globo, que será a empresa claramente favorecida pelo texto.
Uma das alegações para os defensores do projeto é a regulação feita na Austrália, mercado também concentrado e dominado pelo bilionário Rupert Murdoch, cujo grupo de mídia seria comparável à Globo.
O texto só será aprovado se tiver apoio do PT, uma vez que os partidos mais à direita não demonstram interesse no fortalecimento da Globo.
A legislação foi encaminhada às Comissões de Cultura; Comunicação; Finanças e Tributação e Constituição e Justiça e de Cidadania, estando sujeita a apreciação do Plenário.
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