Hildegard Angel: burguesia do Brasil serve ao exterior
A jornalista avaliou na TV 247 como pensa a elite brasileira e quais as impressões destas pessoas acerca da democracia, soberania e economia do Brasil. “Você não vê preocupação com soberania ou patriotismo, eles têm casa no exterior, eles têm sua vida lá fora, ganham dinheiro aqui no Brasil”, destacou. Assista
247 - A jornalista Hildegard Angel, famosa colunista social que frequentou ambientes da mais alta elite brasileira durante sua carreira, criticou a burguesia brasileira em entrevista à TV 247 e relatou diversas histórias de sua carreira e da época da ditadura, período em que seu irmão, Stuart Angel, e sua mãe, a estilista Zuzu Angel, foram assassinados pelo regime militar.
Hildegard disse que os milionários cariocas tradicionais nada pensam em favor da soberania nacional. Segundo ela, eles pensam no Brasil apenas como um local para ganhar dinheiro e sustentar a vida cheia de luxos no exterior.
“O milionário mais tradicional não tem essa veleidade de soberania, eles sãotodos liberais. Você não vê preocupação com soberania ou patriotismo, eles têm casa no exterior, eles têm sua vida lá fora, ganham dinheiro aqui no Brasil mas têm suas boas vidas no exterior, nas Bahamas, em Portugal, na Flórida, Suíça ou Nova York”.
“O milionário não vive o Brasil, o Brasil é um pouso, é uma estação depassagem onde ele ganha dinheiro, mas ele vive nos melhores ambientes dos melhores lugares do mundo. Não tem essa sensação de culpa em relação a pobreza, procura fazer do seu jeito a sua parte, procura fazer doações à instituições de caridade, talvez patrocinando alguns artistas, mas não tem essa coisa de Brasil”, complementou.
Hildegard Angel falou ainda que os filhos da burguesia, por muitas vezes estudarem fora desde cedo, não aprendem sobre história do Brasil e não se reconhecem como parte da nação brasileira. Quando voltam ao país de origem, ocupam cargos na política, assim como acontece na equipe de governo de Jair Bolsonaro.
“Isso é na base, começa a minar na base, ou seja, os jovens não aprendem anossa história, não aprendem a valorizar os nossos heróis, não sabem a verdadeira história do Brasil, sequer conhecem. Então o Brasil é uma estação de passagem para uma universidade no exterior, para ser brilhante lá fora, para ser um cientistas lá fora, um banqueiro lá fora. Quando voltam para cá, já graduados, é para ocupar posições em governos como agora o do Bolsonaro, em que tanta gente é da Escola de Chicago. É para isso que servem os filhos dos abençoados dos que podem colocá-los em escolas estrangeiras, é para isso que servem, para servir ao exterior no Brasil”.
Ditadura
A jornalista, que teve seu irmão, Stuart Angel Jones, e sua mãe, a estilista Zuzu Angel, mortos vítimas da repressão militar, falou sobre os tempos sombrios em que o país esteve sob o comando militar. Ela ressaltou que o que aconteceu em 1964 se assemelha ao golpe de 2016, que tirou a ex-presidente Dilma Rousseff de seu cargo.
“Em 1964 o golpe foi articulado pelos políticos de direita, capitaneados porCarlos Lacerda, a Tribuna da Imprensa de Hélio Fernandes e a grande imprensa. Depois do golpe militar, em pouco tempo o Carlos Lacerda foi cassado, o Hélio Fernandes foi preso e quem chegou ao poder, depois de Castelo Branco, foram militares cada vez mais militares cada vez mais insensíveis em relação aos absurdos que eles estavam cometendo como políticas de Estado nas instalações militares contra a nossa juventude”.
Hildegard saiu em defesa da geração jovem da época que teve de pegar em armas para lutar contra a repressão da época. “Para eles se manterem no poder eles precisavam de um pretexto, eles precisavam ter o que combater. Esses jovens não eram articulados, tiveram que se articular para se proteger para sobreviverem e manterem sua liberdade intelectual. Era proibido pensar, discutir, ser contra, era proibido divergir. Tudo era proibido. A única saída que eles tiveram foi a clandestinidade e a luta armada, absolutamente insignificante em termos de vítimas, numericamente, em relação ao que eles fizeram”.
Mídia
Em relação ao jornalismo, foi cautelosa ao fazer críticas. Ela disse que jornalistas podem se submeter a certos comportamentos e posicionamentos em razão de seu sustento. Porém, avaliou que em certas ocasiões, os profissionais de imprensa se vendem em favor da riqueza. “Chega a um ponto em que é mesmo uma total ausência de amor ao nosso país, um total comprometimento com outros valores, um total apego ao dinheiro, à riqueza. Para ter isso tudo você tem que se vender”.
Apesar da cautela, a jornalista criticou a “cooptação de mentes” exercida pelagrande mídia do Brasil. “No Chile o povo reage, no Equador o povo reage. No Brasil eu acho que nós temos máquinas muito poderosas, temos a mídia, a cooptação das mentes. Se não sair no telejornal as pessoas não acreditam, se a Globo não falou não é verdade, e agora a Record, e Silvio Santos também, que estão tendo um domínio enorme sobre a mente dos menos esclarecidos, dos mais frágeis intelectualmente. Pessoas de boa fé que são iludidas que se acreditam no meio de um eminente risco de comunismo no Brasil quando nem mesmo o presidente da República sabe definir o que é isto”.
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