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    Jornal Nacional promove campanha com "radicais ideológicos" em defesa de Estado "ultra-liberal", diz professor

    Sem espaço para o contraponto, o telejornal veicula a "tese defasada" do liberalismo como se fosse "propaganda de cloroquina", critica Samuel Braun

    William Bonner e Renata Vasconcellos (Foto: Reprodução)

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    247 - Professor de Politicas Públicas na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) e doutor em Economia Política Internacional pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, Samuel Braun, pelas redes sociais, acusou o telejornal da TV Globo Jornal Nacional de promover uma campanha de fake news em defesa do Estado "ultra-liberal".

    Segundo Braun, o telejornal tem chamado apenas "radicais ideológicos" para tratar do assunto, sem dar espaço ao contraponto. Leia na íntegra a postagem do professor:

    "Fake news. Há dois dias o Jornal Nacional iniciou uma campanha de desinformação. Durante longos minutos a cada dia, põe 'analistas' para descrever uma realidade paralela sem qualquer contraponto. Allan dos Santos, Gustavo Gayer, Rodrigo Constantino, Nikolas Ferreira, Marcel Van Hatten e Carla Zambelli se sucederam explicando como a intervenção do TSE possibilitou a vitória de Lula.

    Chocado? Seria bizarro, não? Mas é exatamente isso que o Jornal Nacional vem fazendo em outro tema: política fiscal. Tem chamado radicais ideológicos para defender como única visão possível, e até verdade revelada, a perspectiva ultra-liberal de finanças públicas. Marcos Mendes, Mailson da Nóbrega, Zeina e Mansueto Almeida, Alexandre Schwartsman, Marcos Lisboa e Elena Landau se sucederam para veicular a 'fake' de que um Estado monetariamente soberano se financia como uma família, não emissora.

    A tese é defasada há décadas, e contrária à mais básica lógica, mas mesmo assim tem coragem de pô-la no ar dias seguidos, tal qual propaganda de cloroquina. E sem nenhum pesquisador sério para contrapor. Sempre em tom sério e dramático encerram as matérias demandando do governo medidas que afetam toda a população, especialmente a mais vulnerável, baseado nessa desinformação. Propõem que seja derrubado os pisos da educação e da saúde, que sejam cortados recursos de quase todos os gastos públicos, exceto um: o pagamento de juros. Revelador, não?

    Um Estado emissor de moeda é a origem de toda a moeda nacional, ele não tem como ficar sem ela para seus gastos. E a inflação? A ciência econômica já mostrou que só ocorre quando há mais dinheiro que oferta de trabalho, bens e serviços. Ou seja, não se deve emitir além do que a economia real suporta. Em 2020 o Brasil emitiu praticamente R$ 1 trilhão a mais, mesmo cobrando R$ 112 bilhões a menos de impostos. E a inflação? 4,52% apenas. Qualquer outro agente econômico, pessoas, famílias, empresas, municípios e estados, não possuem poder de emissão, vivem do dinheiro que o Estado já emitiu previamente. Essa diferença é fundamental e faz a lógica do Estado ser única. Fake news mata. Fake news econômica mata!".

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