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    Leão Serva questiona a naturalização de extremistas como Marçal e o compara a Hitler

    Jornalista critica a forma como a imprensa age diante de figuras como o ex-coach

    Leão Serva (Foto: Reprodução Youtube)

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    247 – Mediador do recente debate entre candidatos à Prefeitura de São Paulo, transmitido pela TV Cultura e abruptamente interrompido após José Luiz Datena (PSDB) agredir Pablo Marçal (PRTB) com uma cadeirada, Leão Serva trouxe à tona uma análise profunda sobre o papel da imprensa na legitimação de figuras que, ao seu ver, representam uma ameaça à democracia. Em artigo contundente, publicado na Folha de S. Paulo, Serva argumenta que a mídia, ao convidar candidatos como Marçal para debates, repete erros históricos, como o que facilitou a ascensão de Adolf Hitler ao poder.

    "Com o conhecimento que temos hoje, deveríamos convidar Hitler, caso ele fosse candidato?", questiona Serva logo no início de sua análise, estabelecendo um paralelo entre líderes autocráticos modernos e figuras históricas responsáveis pelo enfraquecimento de sistemas democráticos. Segundo ele, "os maiores perigos à democracia nas últimas décadas vêm de líderes autocráticos que, uma vez eleitos, trabalham para enfraquecer suas bases."

    O jornalista, com vasta experiência em mediação de debates e análise política, faz um alerta: "Suas práticas começam já nas campanhas, atacando adversários com insultos, desrespeitando normas básicas e transformando o debate em um espetáculo vulgar." Esse fenômeno, segundo Serva, não é um problema isolado do Brasil, mas um padrão recorrente em democracias consolidadas, como nos Estados Unidos, Israel e França.

    Ao longo do texto, Serva também pontua a relação entre o enfraquecimento do jornalismo tradicional e a ascensão das redes sociais como principal palco do debate público. Para ele, a mídia convencional sofre de uma "síndrome de Estocolmo" em relação às novas plataformas digitais, e se vê refém da popularidade instantânea gerada por algoritmos. No entanto, ele adverte que "dois terços das postagens sobre temas de interesse público nas mídias digitais contêm notícias da imprensa convencional", ressaltando a dependência dessas plataformas do jornalismo tradicional.

    A crítica mais incisiva, no entanto, recai sobre a normalização de figuras como Pablo Marçal no cenário político. Marçal, que ganhou projeção como ex-coach e influenciador digital, participou do debate mesmo sem representação política relevante, algo que, para Serva, reflete uma decisão editorial equivocada: "Se ele está lá, a responsabilidade é nossa. E, como o escorpião da fábula, ele envenena o espaço por dentro."

    Serva não se exime de usar exemplos históricos para ilustrar sua preocupação. Ele relembra o caso de Adolf Hitler, que, após uma tentativa frustrada de golpe, foi solto e passou a atuar como político legítimo, pavimentando seu caminho até o poder. "A democracia deve limitar as ameaças quando surgem. Esse princípio básico, embora delicado, deve ser mantido: quem ataca a democracia precisa ser contido. E isso deve ocorrer também no microcosmo jornalístico."

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