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    Lula na COP 27: 'para o mundo, Jair Bolsonaro já não existe mais', diz Jamil Chade

    Para o jornalista, líderes globais agiram estrategicamente para proteger a democracia brasileira. Lula na COP 27 e no Fórum Econômico Mundial é esperança para o mundo

    Luiz Inácio Lula da Silva (Foto: Ricardo Stuckert)
    Guilherme Levorato avatar
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    Rede Brasil Atual - A Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2022, em sua 27ª edição, começa oficialmente neste domingo, em Sharm El Sheikh, no Egito. COP é sigla em inglês de Conferência das Partes, em alusão aos 197 países integrantes da ONU que concordam que algo precisa ser feito para conter, entre outras ameaças à existência do planeta, o aquecimento global. Desde 1995 tem, o encontro tem edições anuais (exceto 2020, por causa da pandemia). E neste ano de COP 27, uma das presenças mais esperadas é a do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Isso porque, depois de quatro anos de pânico ambiental, um dos países mais importantes para a causa ambiental está prestes a dar nova esperança ao mundo.

    O presidente Jair Bolsonaro, de aviso prévio após a derrota na urnas em 30 de outubro, teria dito à boca pequena que considera a ida de Lula à COP 27 uma usurpação. Pois acha que o futuro empossado vai falar mal do Brasil e de seu governo. Assim como, para seus seguidores de cercadinho, Bolsonaro já disse da líder indígena Txai Suruí por ocasião de sua ida à 26ª cúpula, ano passado. Ela respondeu: “Bolsonaro, eu nunca critiquei o Brasil, eu critiquei você, e eu não estou sozinha”.

    Mas não tem porque ficar bravo, pois além de seu governo ter sido um desastre ambiental, ainda inacabado, Bolsonaro já não existe mais para o mundo. É o que afirma o jornalista Jamil Chade, especializado em política externa, durante participação no programa Revista Brasil TVT.

    Sem cenário Trump

    Chade observa que os líderes das grandes democracias do mundo se articularam para inundar as redes com felicitações e reconhecimento do eleito assim que o Tribunal Superior Eleitoral oficializasse a vitória da coligação Brasil da Esperança. O objetivo do mundo todo foi rapidamente proteger o Brasil de qualquer tentativa de golpe ou ruptura democrática.

    Por exemplo, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, se apressou em telefonar e cumprimentar Lula a fim de prevenir o Brasil de um “cenário Trump“. Jamil Chade se refere ao episódio da tentativa de golpe com a invasão do Capitólio por trumpistas.

    No dia seguinte à vitória, o convite imediato do governo do Egito a Lula para a COP 27 e sua aceitação imediata sinalizaram para uma nova política ambiental. “Por isso os convites começaram a brotar de todos os lados. Um deles, o do Fórum Econômico Mundial, em janeiro, com Lula já empossado. “Estão ali todos os donos das maiores multinacionais do mundo e os donos das finanças. E também os principais líderes mundiais para que Lula apresente seu plano de governo ao mundo. Ou seja, com tudo acontecendo, para o mundo, Jair Bolsonaro já não existe.”

    “Esperamos liderança política”, disse a Chade o secretário-executivo da ONU para Mudanças Climáticas, Simon Stiell. Desse modo, a organização da conferência admite que o movimento global contra as mudanças climáticas estaria sem comando. Para ele, mais do que uma nova narrativa, uma nova política ambiental em um país com a importância do Brasil, pode representar uma esperada nova liderança na ação global diante do aquecimento. “Então, a derrota para a extrema direita no Brasil é também uma derrota para a extrema direita no mundo. A Amazônia faz parte do centro do debate mundial. E também a defesa democracia”, avalia o jornalista.

    Histórico

    Entre 2003 e 2014, o desmatamento na Amazônia Legal – Acre, Amazonas, Amapá, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins – caiu 82%. O esforço brasileiro nesse meio tempo fez da participação de Lula na COP 15, em 2009 em Copenhague, um dos momentos mais marcantes de sua política externa. Na capital da Dinamarca, o ex-presidente foi surpreendido ao ter a ordem de seu pronunciamento trocada, falando antes apenas dos presidentes dos EUA, Barak Obama, e da França, Nicolas Sarkozy.

    Isso porque, na madrugada que antecedeu ao discurso, o presidente brasileiro participou de reunião com os principais líderes mundiais da época e impressionou a todos com sua visão. Em suas falas, Lula sempre associa as políticas globais de combate ao aquecimento à necessidade de os países ricos reconhecerem e seus papéis nas mudanças climáticas. E também de participar de um esforço mundial no enfrentamento à pobreza e às desigualdades. Porque os países em desenvolvimento têm menos condições de impor restrições ao seu processo de crescimento. E também porque as populações mais pobres do mundo são as mais vulneráveis às consequências das alterações climáticas.

    O papel de cada um

    “Tive o prazer de participar ontem à noite, até às 2h30, de uma reunião que, sinceramente, eu não esperava, porque era uma reunião onde tinha muitos chefes de Estado, figuras das mais proeminentes do mundo político. E, sinceramente, submeter chefes de Estado a determinadas discussões como nós fizemos antes, há muito tempo eu não assistia”, disse Lula na época.

    “Não é uma barganha de quem tem dinheiro ou quem não tem dinheiro. Quem tem mais recursos e mais possibilidades precisa garantir a contribuição para proteger os mais necessitados”, defendeu.

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