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    'Mídia hegemônica orquestra desinformação para justificar genocídio em Gaza', diz Instituto Brasil-Palestina

    "Parte da população brasileira está cega e não quer saber a verdade", afirmou o predidente da entidade, Ahmad Shehada

    Ahmad Shehada é presidente do Instituto Brasil-Palestina (Foto: Reprodução | Pablo Valadares/Câmara dos Deputados)

    Camila Araujo, Brasil de Fato - Em entrevista ao Brasil de Fato DF, o presidente do Instituto Brasil-Palestina (Ibraspal) Ahmad Shehada afirmou que políticos de esquerda no Brasil estão "recuados" frente ao massacre que acontece em Gaza, e sem coragem de se pronunciar pela verdade. Isso, segundo ele, faz com que a extrema direita avance em sua narrativa e se fortaleça.

    "Se a esquerda continuar recuada, a extrema direita e o sionismo ficarão mais fortes e perigosos", destacou o representante da Ibraspal, acrescentando que "a ideologia deles [extrema direita] é violenta, sempre incentivaram o ódio ensinando que o outro não vale nada".

    Para Ahmad Shehada essa mesma ideologia de extrema direita provoca o massacre sionista em Gaza e foi também aquela que orientou o genocídio de povos originários na América Latina. "As pessoas estão aterrorizadas de se posicionar pela verdade, por exemplo, a de que o Hamas não degolou crianças ou estuprou mulheres", disse, em referência a informações falsas que foram veiculadas após a ofensiva contra Israel no dia 7 de outubro.

    A solução para a questão palestina, segundo Ahmad, é o fim da ocupação israelense, do apartheid, da desigualdade e da opressão contra o povo palestino.

    Desinformação

    Como organização civil, o Ibraspal "só pode fazer a luta midiática e advocacy". "Parte da população brasileira está cega e não quer saber a verdade", avalia Ahmad, acrescentando que a luta midiática é pela verdade, para contar a verdade. "Que a verdade alcance o máximo possível de pessoas que estão procurando a verdade". Já a população que "aplaude a morte de crianças palestinas em nome de Deus, essa população não nos interessa", pontua.

    Para ele, a chamada "grande mídia" – os veículos de comunicação hegemônicos – está orquestrando a disseminação de informações incorretas e alinhadas a Israel para justificar matança de crianças e genocídio "com seus convidados 'analistas', professores, que são analfabetos políticos".

    Tanto o Fórum Nacional de Pela Democratização da Comunicação (FNDC) quanto o Coletivo Intervozes, que atuam pela comunicação pública e democrática no Brasil, têm se pronunciado sobre o silêncio e as distorções promovidas pela imprensa na cobertura dos ataques na Palestina. "Apenas no dia 12 de outubro, Israel matou 168 crianças. Por que você não está chorando por mais de mil crianças mortas pelo exército israelense?"

    Posicionamento do governo brasileiro

    Ahmad Shehada declarou que os primeiros posicionamentos do presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre a escala de tensão em Gaza foram "decepcionantes". "O povo palestino ama o presidente Lula, ama o Brasil, inclusive eu também, e por isso falo que seu posicionamento foi decepcionante. O terror da extrema direita não pode influenciar nas decisões políticas, não podemos recuar diante deste cenário", declarou Ahmad.

    No dia 7 de outubro, quando o Hamas derrubou parte do muro israelense no território palestino e bombardeou o estado sionista, Lula declarou no X, antigo Twitter, que ficou "chocado" com "ataques terroristas realizados hoje contra civis em Israel", repudiando o "terrorismo em qualquer de suas formas".

    "Conclamo a comunidade internacional a trabalhar para que se retomem imediatamente negociações que conduzam a uma solução ao conflito que garanta a existência de um Estado Palestino economicamente viável, convivendo pacificamente com Israel dentro de fronteiras seguras para ambos os lados", acrescentou.

    Para Ahmad, não dá pra chamar a ação do Hamas de terrorismo e não fazer o mesmo com as ações israelenses. De acordo com dados do Ministério da Saúde em Gaza, divulgados nesta quinta-feira (19) pela Missão da Liga dos Estados Árabes no Brasil, até o momento foram 3 mil pessoas e outras 12,5 mil ficaram feridas em Gaza. Na Cisjordânia, incluindo Jerusalém Oriental, pelo menos 61 palestinos foram mortos desde 7 de outubro e pelo menos 1.230 estão feridos. Em Israel, o número de pessoas mortas em Israel é de 1,3 mil, com pelo menos 4.229 feridos.

    "Por que não chama de terrorismo quando Israel sequestra milhares de civis na Cisjordânia e mata milhares de civis na Cisjordânia? E o cerco a Gaza matando milhares de pessoas, sendo mais de mil crianças e centenas de mulheres. Isso é terrorismo ou não o que Israel está fazendo? Precisamos ouvir o presidente falar", observa o presidente do Instituto Brasil-Palestina.

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