Os bastidores da saída do colunista Guilherme Amado do portal Metrópoles
Entenda como aconteceu a saída do jornalista que atuava há anos no portal
Agenda do Poder - Um dos mais competentes colunistas do jornalismo brasileiro, Guilherme Amado foi demitido, no último sábado, do Metrópoles. O desligamento está relacionado à dupla atuação profissional do jornalista. Sem autorização expressa da direção do portal, Amado passou a produzir regularmente análises para o ICL Notícias, do economista Eduardo Moreira. A CEO do Metrópoles, Lilian Tahan, entendeu que houve quebra de confiança, exonerando-o sumariamente.
A gota d’água que fez transbordar o limite da condescendência possível com o profissional decorreu de um erro de sua equipe, que postou no Metrópoles nota preparada para o ICL, incluindo a logomarca do concorrente. A ato falho foi considerado intolerável.
A fatídica nota, acompanhada de um vídeo, versava sobre a relação entre Bolsonaro e Trump, uma especulação sobre a desimportância do capitão na lista de prioridades do presidente eleito dos Estados Unidos.
Os contratos no Metrópoles não têm cláusula de exclusividade mas prevalece na direção o entendimento de que os profissionais da Casa só podem colaborar com outra publicação de modo pontual e mediante autorização explícita do comando da redação. Amado não era um colaborador eventual; ele já fazia parte da equipe do site concorrente.
Ao anunciar a despedida, nas redes sociais, o jornalista fez agradecimentos a Lilian e aos integrantes de sua equipe e aproveitou a oportunidade para dizer a ex-chefe que sua dupla atuação profissional nada tinha de velado.
“Vou aproveitar pra me dedicar à biografia da Gal Costa, que venho fazendo pra @cialetras, e sigo me divertindo com os amigos do @ICLNoticias, onde estou há três anos todos os dias com análises, como todos sabem”.
Na noite deste domingo, Guilherme Amado enviou a nota abaixo ao 247:
Meu contrato com o Metrópoles não previa exclusividade para nenhum veículo, pelo contrário: tinha liberdade para fazer TV, rádio, atuar em quaisquer meios ou canais. Não havia obrigação de avisar ou consultar o Metrópoles sobre a participação. Entretanto, afirmo que o Metrópoles foi comunicado, sim, das minhas participações no ICL. Em junho de 2023, numa reunião em que estava a chefia, eu e outra colega do Metrópoles, eu disse que estava no ICL. A chefia ouviu e seguimos no assunto da reunião, que era outro. Reforçando: havia uma testemunha de que a chefia tinha ciência. Portanto, nem no quesito contratual nem no ético houve quebra de confiança alguma.
Participo do ICL tal qual diversos profissionais do Metrópoles participaram de outros programas de YouTube. Toda a redação sabia e nem poderia ser diferente. O ICL tem a maior audiência do Youtube brasileiro todas as manhãs. Eu entro ao vivo, diariamente, há quase três anos. Não tem como ninguém não saber disso.
Sobre a publicação do vídeo do ICL na minha coluna do Metrópoles. Por algum bug do site do Metrópoles, até hoje não explicado pelo site nem resolvido por dificuldades técnicas, foi publicado na quarta-feira (6/11) um vídeo de minha participação no ICL na véspera. Quando eu vi, imediatamente comuniquei a TI e solicitei a remoção, o que, por questões técnicas ainda não aconteceu. Estranhamente, a TI não encontrou nenhum vestígio desse material no site. Solicitei a remoção porque não teria sentido publicar algo do ICL em outro veículo. Certamente trata-se se um erro de tecnologia e não de um lapso meu ou de minha equipe porque nenhum de nós sobe vídeos do ICL em nenhum lugar. Minha equipe do Metrópoles porque trabalha para o Metrópoles e eu porque não operacionalizo nada no ICL. Minha participação lá se restringe a me conectar no horário combinado, fazer minha análise e desconectar. Não caberia cogitar, portanto, um descuido em uma tarefa que nunca realizo.
Por fim, não fui demitido. Minha empresa presta serviços ao Metrópoles — forma de contratação que justamente me dá autonomia para eu ter essa independência e foi uma exigência minha ao deixar meu antigo veículo.
Fui muito feliz no Metrópoles. A redação comandada por Lilian Tahan, Priscilla Borges, Otto Vale e Márcia Delgado produz um site ágil e inspirador que fez eu e minha equipe sempre termos todas as condições pra entregar o bom jornalismo que entregamos. Agradeço a eles por esses anos.
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