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    "PL 2630 é um retrocesso, que fortalece os tubarões da velha mídia", diz Joaquim de Carvalho

    Repórter investigativo também afirmou que o correto seria retirar do projeto o artigo 32, que direciona recursos da publicidade para a velha mídia

    Joaquim de Carvalho e Orlando Silva (Foto: Brasil 247 | Cleia Viana/Câmara dos Deputados | Reprodução)

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    247 - O jornalista Joaquim de Carvalho classificou o Projeto de Lei das Fake News (2630/2020), relatado pelo deputado federal Orlando Silva (PCdoB-SP), como um “retrocesso” para o jornalismo brasileiro. Ele afirmou que dar às plataformas digitais o poder de moderar os conteúdos publicados em seus ambientes - colocando-as como responsáveis pelo que é postado - poderá afetar diretamente canais menores de jornalismo: “as plataformas não podem beneficiar ‘A’ ou ‘B’. E hoje tem estudo que diz o seguinte: por exemplo na época da eleição, [o YouTube] recomendava muito mais vídeos da Jovem Pan. Isso deve ser atacado. Agora, você induzir ou forçar que as plataformas retirem o conteúdo considerando que elas também são responsáveis, o que pode gerar? A derrubada de conteúdos de canais menores. E com isso você vai fortalecer o quê? A mídia tradicional. Por isso esse projeto de lei é um retrocesso. É uma volta ao passado. Você tenta instituir, criar mecanismos para, a pretexto de lutar por uma causa justa, fortalecer os tubarões de sempre. É retomar a força desses veículos tradicionais”.

    Carvalho afirmou que as plataformas digitais democratizaram o debate e permitiram maior pluralidade de ideias na imprensa. “Eu falo como jornalista, como um jornalista que vive da liberdade de expressão: a maior maravilha que teve foi quando eu podia dizer e escrever que a Lava Jato tinha tomado decisões que eram ilegais; que a prisão do Lula era uma prisão política. Eu digo para você como jornalista: eu me realizei. Eu sei como é duro trabalhar na imprensa corporativa, em que a liberdade é só do patrão. Eu trabalhei a vida inteira em brechas, e muitas vezes essas brechas eram de interesse da própria empresa. Hoje, o que vai acontecer? Vamos ter que voltar para as brechas. Hoje, quando eu falo, quando eu escrevo, eu tenho mais liberdade, e isso foi permitido pela tecnologia”.

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    O jornalista também criticou o artigo 32 do PL, que prevê o direcionamento dos recursos da publicidade digital para a velha mídia. Ele fez um desafio: “quer aprovar o PL? Tira o artigo 32”. Para Carvalho, o item “é a principal razão do projeto”. “Estão dizendo: ‘olhe bem, a Globo sempre teve a publicidade. Só que a publicidade migrou para o digital. E agora? É justo que a Globo tenha uma parcela desse dinheiro porque ela produz o jornalismo’. O Orlando Silva está defendendo isso”. 

    Carvalho explicou que a mudança no mercado publicitário permitiu a ascensão de novos comunicadores e maior diversidade no jornalismo. No período de hegemonia da Rede Globo, afirmou, “era uma concorrência desleal: [a Globo] começou com dinheiro de fora, corrompia as agências [de publicidade] daqui e, com isso, ela ganhava”. “Esse mundo mudou e permitiu, por exemplo, que o Aquias Santarém, grande comunicador do Critica Brasil, fizesse um canal, tivesse centenas de milhares de seguidores, talvez milhões e, com isso, ele passou a ser remunerado sem depender da benção da Globo, sem depender da agência de publicidade. E aí ele virou um comunicador respeitado, começou a fazer cobertura que essa outra mídia não fazia. Por que? Porque a publicidade permitiu”.

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