Vitória de Trump consolida o declínio da mídia tradicional
Com aumento do consumo de redes sociais e podcasts, presidente eleito promete governo ainda mais hostil à imprensa
247 – A vitória de Donald Trump na recente eleição presidencial nos Estados Unidos lança luz sobre um fenômeno inquestionável: o declínio da influência da mídia tradicional e a ascensão de novas formas de comunicação que contornam o jornalismo convencional. De acordo com reportagem de Patrícia Campos Mello, publicada pela Folha de S. Paulo, a eleição de Trump representa um golpe na já fragilizada credibilidade da imprensa tradicional, que agora se prepara para um governo ainda mais agressivo e hostil ao jornalismo crítico e investigativo.
A situação é ilustrada pela observação de um executivo de TV que, em coluna da revista New York, sintetizou o impacto da eleição: “Se metade do país decidiu que Trump é qualificado para ser presidente, significa que eles não estão lendo nenhum dos veículos de mídia, e que a chamada imprensa tradicional perdeu esse público completamente.” A análise aponta que a vitória de Trump pode marcar a morte da mídia em sua forma atual, levantando a questão: como ela vai se reinventar?
Queda de confiança e migração para novas plataformas
A influência das mídias tradicionais tem caído em ciclos, com pesquisas como a da Universidade Northeastern mostrando que apenas 23% dos eleitores de Trump obtiveram informações da imprensa profissional, em contraste com a dependência de redes sociais e conversas com amigos e familiares. A tendência é acompanhada por dados da Edison Research, que mostram que 59% dos americanos entre 12 e 34 anos ouvem podcasts regularmente, um aumento em relação ao ano anterior.
Durante a campanha, Trump optou por contornar os meios convencionais de comunicação, rejeitando uma entrevista no programa 60 Minutes, da CBS, e se recusando a participar de um segundo debate com Kamala Harris. Em vez disso, preferiu aparecer por quase três horas em um podcast com Joe Rogan, alcançando uma audiência de 46 milhões de ouvintes. Esse episódio exemplifica a preferência do público por formatos que oferecem discussões mais informais e amigáveis, sem questionamentos incisivos.
O papel de Elon Musk, proprietário do X (antigo Twitter), foi central na manipulação do ciclo de notícias, com o bilionário promovendo Trump e atacando Harris em mais de 1.500 publicações. Fontes revelaram que Musk teria pressionado sua equipe para ajustar algoritmos que favorecessem suas postagens.
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