Alphabet comprará Wiz por US$ 32 bi em seu maior acordo para reforçar a segurança na nuvem
Alto preço e taxa de rescisão incomumente elevada sugerem que a Alphabet está confiante de que o acordo será aprovado pela Casa Branca
(Reuters) - A Alphabet (GOOGL.O) anunciou nesta terça-feira que comprará a startup de rápido crescimento Wiz por cerca de US$ 32 bilhões, no maior acordo de sua história. A controladora do Google busca fortalecer sua posição na corrida da computação em nuvem contra Amazon.com e Microsoft, dobrando seus investimentos em segurança cibernética.
O grande negócio fará com que a Wiz se torne parte da unidade de nuvem do Google, reforçando as soluções de segurança que ajudam empresas a eliminar riscos críticos.
O alto preço e a taxa de rescisão incomumente elevada sugerem que a Alphabet está confiante de que o acordo será aprovado pela Casa Branca, apesar do escrutínio intenso do governo Trump sobre grandes empresas de tecnologia.
As ações da Alphabet caíram quase 3%. Antes do anúncio, os papéis já acumulavam queda de 13% no ano, devido a preocupações com os altos gastos em inteligência artificial e à ascensão da chinesa DeepSeek, que oferece soluções mais baratas, além da retração geral das gigantes da tecnologia nos últimos dois anos.
Para concretizar a aquisição, a Alphabet precisou elevar sua oferta em relação à proposta de US$ 23 bilhões feita no ano passado, que foi rejeitada pela Wiz. A startup israelense foi avaliada em US$ 12 bilhões em uma rodada privada de financiamento em maio de 2024, com receita recorrente anual superior a US$ 500 milhões.
Fontes afirmam que as partes mantiveram contato mesmo após a rejeição inicial da Wiz, já que o CEO do Google Cloud, Thomas Kurian, permaneceu determinado na negociação.
As conversas aceleraram nos últimos dois meses, após a volta de Donald Trump à Casa Branca, segundo fontes anônimas. Embora Trump tenha prometido manter um olhar rigoroso sobre as Big Techs, analistas de Wall Street preveem mudanças na política antitruste, especialmente com Andrew Ferguson, indicado por Trump para comandar a Comissão Federal de Comércio (FTC), possivelmente flexibilizando a regulação de grandes fusões e aquisições.
A Wiz trabalha com provedores de nuvem como Amazon Web Services, Microsoft Azure e Google Cloud, tendo clientes como Morgan Stanley (MS.N), BMW (BMWG.DE) e LVMH (LVMH.PA).
Os produtos da Wiz continuarão disponíveis em outras grandes plataformas de nuvem. A Alphabet espera concluir a aquisição em 2026, sujeita a aprovações regulatórias.
"Os investidores devem examinar esse acordo de perto, dado o histórico inconsistente do Google na alocação de capital, especialmente em fusões e aquisições", disse Dave Wagner, gestor da Aptus Capital Advisors.
A unidade de nuvem do Google gerou mais de US$ 40 bilhões em receita em 2024 e tem crescido mais rápido que o negócio de buscas da empresa nos últimos anos.
O analista Gil Luria, da D.A. Davidson, acredita que o preço mais alto reflete o crescimento exponencial da Wiz no último ano.
"Para competir com o Microsoft Azure no mercado corporativo, o Google precisa oferecer um conjunto mais completo de serviços, incluindo software de segurança", afirmou Luria.
A Wiz concordou com uma taxa de rescisão de mais de US$ 3,2 bilhões, uma das maiores da história das fusões e aquisições, segundo uma fonte da Reuters.
O interesse no setor de cibersegurança aumentou após a falha global da CrowdStrike (CRWD.O) no ano passado, que impactou operações em vários setores e levou empresas a investirem mais na proteção de seus sistemas.
O acordo reforça a força da indústria de segurança cibernética de Israel, que já viu diversas startups adquiridas por gigantes do Vale do Silício. A Alphabet, por exemplo, comprou a israelense Siemplify em 2022, enquanto a Salesforce adquiriu a Own em 2024.
Em 2015, os fundadores da Wiz venderam a empresa de segurança na nuvem Adallom para a Microsoft.
Preocupações regulatórias
O Google destacou que a Wiz continuará operando em plataformas concorrentes, possivelmente para evitar objeções regulatórias.
A interoperabilidade tem sido um tema central em processos antitruste, incluindo a ação do Departamento de Justiça dos EUA contra o Google no setor de publicidade digital. A FTC também investiga a Microsoft por supostas práticas anticompetitivas na computação em nuvem.
"De modo geral, o Google não é líder absoluto no mercado de nuvem, e a Wiz continuará disponível em outros serviços", disse Elise Phillips, conselheira de políticas da Public Knowledge, organização de defesa do interesse público.
"Se, no futuro, houver algum tipo de acordo de exclusividade entre as empresas, isso será preocupante", acrescentou Phillips.
O Departamento de Justiça busca medidas para limitar o poder do Google, incluindo a possível venda do navegador Chrome, após um juiz considerar que a empresa detém um monopólio ilegal no setor de buscas.
"Este acordo será um grande teste para os defensores do livre mercado", afirmou Wagner, da Aptus Capital.
O Google tinha US$ 23,47 bilhões em caixa e equivalentes de caixa em 31 de dezembro, o que indica que pode precisar buscar financiamento para a aquisição.
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